Muzenza / Mona Nkisi o começo no candomblé Angola.


Muzenza / Mona Nkisi

Os filhos de Santo no candomblé Angola iniciantes antes da sua feitura são chamados de Muzenza, quando tem sua feitura e o batismo são chamados de Mona Nkisi (filho ou filha de Santo), eles são filhos recem nascido do Nkisi. Mas nem todos são preparados para receber o dom de incorporação de um Nkisi, tem aqueles que nasceram para auxiliar e serem ministros do sacerdote ou sacerdotisa.

São aqueles que cuidam dos Mona Nkisi quando estão em incorporação, são os que já são mais velhos no Nzo estão alí para ajudar o Tata ou Mametu com as iniciações dos mais novos, ajudam no sacrifício dos animais e nas tarefas do terreiro, para dias de cerimônia os que tocam as Ngomas são chamados de Tata Kambondo. As ministras como Makota, Kota e a responsável pela cozinha Kota Rifula que prepara todos os pratos dos Nkisi e faz os alimentos para que possamos inguidiar (comer).

O jogo de búzios são usados para confirmar e vai dizer qual é a função de cada um. O Mona Nkisi tem seu caminho certo para seguir dentro dos cultos do nosso candomblé Angola, a entrada para essa hierarquia vindo da própria indicação do Nkisi.


Qual a importância de bolar no Santo.

O Muzenza antes de submeter o caminho de iniciação no candomblé Angola passa por um bolonã que nada mais é bolar no Santo. O Tata ou Mametu marca um dia para esta cerimônia de iniciação para o filho que vai nascer dentro das práticas e costumes do nosso candomblé. 
Uma Kizomba será feita apenas uma celebração com cantigas e danças para alguns Nkisi, nas cantigas de Kidembo/Tempo, nesse momento o Muzenza vai passar a entrar em transe e bolar no chão, isso significa que o Nkisi esta pedindo sua feitura, o muzenza vai passar por todas as tarefas dentro do prazo de 21 dias recolhido no Idemburu (ronkó).

No Idemburu nesse prazo de 21 dias recolhido o Muzenza começa a montar seus fios de conta um com 07 fios na cor do seu Nkisi, segundo com 05 fios na cor do seu segundo Nkisi, o terceiro com 05 fios na cor do Nkisi do Nzo e por último cinco fios na cor branco de Lembá, todos serão fechados com búzios e firma pelo Tata, precisam também serem feitos o mocrân, suas sendalas, contra eguns um em cada braço, uma umbigueira, será utilizado a palha para poder montar e não podem ser comprados em lojas. Terá os idés quatro na mão direita e três na mão esquerda nas cores exata do seu Nkisi.

Terá um padrinho e uma madrinha de Lumi, que tenham cargos e não precisa ser do próprio Nzo, são aqueles que serão testemunhas da sua história e participaram da sua feitura até o Orô Maior (são os sacrifícios no ronkó) e terão cada um uma vela própria para o batismo. Esses serão seus padrinhos e devera sempre ter respeitos a eles, foram eles que testemunharam o seu nascimento e o batismo no candomblé.

A partir desta data o Muzenza tem que se submeter aos rituais de iniciação cerimônias com ebós, Kibane Mutuê (bori), ensaios com dançãs, aprender todas as rezas dos nossos costumes o Ingorocí, passar por disciplina, ritual com sacrifícios de animais diversos, receber o batismo, quatro saídas uma somente no halá pano branco a segunda serão nas cores branca e a terceira nas cores nas do seu Nkisi, na cor branca e outra na cor do Nkisi do Nzo, quarta com a saída para dança e finalizar até o ritual do Orunkó, e nesse momento em diante ele vai deixar de ser uma Muzenza e vai passar ser um Mona Nkisi. A sua contagem cronológica de tempo de vida no candomblé começa após o Orunkó do Nkisi que será na sua quarta saída, com cantigas, danças e muita alegria.

Um recém iniciado passa por suas obrigações até ficar mais velho, mas antes ele passa por deveres e terá algumas restrições com seu comportamento e disciplina no candomblé. O tempo do preceito é o período em que o Mona Nkisi vai passar utilizar o Kelê, um colar de contas com missangas, búzios e firma que são fechados no dia do Orô (obrigação), que fica junto ao pescoço simbolizando uma aliança entre o filho e o Nkisi. 

O Tempo de uso do Kelê é de três meses, enquanto usar o Kelê ele deverá manter o preceito, vestir sempre o branco, se for homem usar um boné simples todo branco, se for mulher usar um torço simples, quando estiver na rua cobrir o Kelê com uma fita grossa branca escondendo dos olhos do povo, comer com as mãos em um prato de agatá, somente beber líquidos em um copo de dilonga, sentar somente no chão com uma esteira ou decisa, tomar banho de bacia com água morna usar somente sabão da costa. Não pode pintar as unhas por um ano, não pode usar salto alto somente calçados simples, não pode usar nenhum tipo de maquiagem, está proibido as relações sexuais durante o prazo do Kelê.


Não pode beber bebidas alcoólicas, ir na praia, rios e cachoeiras, não pode ficar na rua das 22:00hs ás 06 da manhã, comer pimenta, caranguejo ou siri, passar em frente a encruza de x contornar do outro lado, se estiver na rua quando o relógio bater 12:00hs ficar de baixo de uma cobertura esperar 05 minutos e pode continuar.

Ir ao Nzo nos dias da semana do Nkisi do Tata ou Mametu, no dia do seu Nkisi e na sexta feira dia de Lembá sempre dar dobalê e bater Paó. Não pode incorporar em catiço e Exú por um ano. Não pode discutir com os mais velhos, com os irmãos no Nzo porque agindo desta forma o Nkisi incorpora no Mona Nkisi ele responde na hora, se estiver no Nzo ouvir um galo cantar o Nkisi responde, se desobedecer os preceitos do Kelê o Nkisi responde pode está em qualquer lugar, jamais sentar em tronos ou cadeiras polo período de um ano, sentar em trono somente quando tiver um cargo.

Essas são algumas regras citadas para os três meses com o Kelê. Sabemos que o preceito é longo e tem muitas tarefas para serem ditas e praticadas, apenas um resumo para entender e dar o seu maior valor, amor e fé no que vai fazer.

Para a retirada do Kelê após os três meses não precisa de uma Kizomba, o Tata marca um dia especifico para a retirada do Kelê, é nesse momento na queda do Kelê que o Nkisi solta o seu primeiro Ilá um grito como se fosse um nome mas não é, seria sua marca um eco um registro sua própria marca uma forma astral, um ser divino um guerreiro ou guerreira. Após a retira do Kelê o Mona Nkisi ainda terá o seu preceito de 07 dias de Lembá utilizando os mesmo preceitos até completar seu período. 

Para finalizar todo esse processo do preceito o Tata/Zelador vai retirar as kijilas quebrando os preceitos de dia as 6:00hs da manhã, para que o Mona Nkisi possa ter sua vida normal, mas respeitando sua disciplina no Nzo, respeito e cumprindo sua caminhada até sua maior idade.

Nem todos os terreiros seguem à risca de todos os preceitos, mas tem que ser obedecidas conforme manda os fundamentos da nossa ancestralidade e tradições. A parte do compromisso do Mona Nkisi com o seu Nkisi junto com o Tata ou sua Mametu, o filho terá que manter sua disciplina sempre. 
As obrigações não terminam por aí o Mona Nkisi que agora já e batizado recebe sua dijina (nome de batismo) após a queda do Kelê, e terá que cumprir suas obrigações seguintes.
 
A obrigação de um ano, três anos, cinco anos e a de sete anos, neste longo prazo pode se tonar um Tata (pai) ou Tatetu Ndenge (pai Pequeno), dependendo da sua história. O Tata irá verificar tudo antes de completar sua obrigação de ano, pode ter o cargo de Tatetu Ndenge caso não tenha história para abrir seu Nzo, na sua obrigação de um ano pode receber a sua faixa de cargo como Tatetu Ndenge.

As obrigações precisam passar por sacrifícios de animais e aves, ebós, Kibane Mutuê, oferendas, toques com uma Kizomba. Importante ressaltar que o filho somente é raspado uma unica vez, por isso que o nascimento dentro dos cultos no candomblé Angola é fundamental. É de total responsabilidade do Tata ou Mametu de forma alguma cometer erros durante todo esse processo de iniciação.

Vídeo com mais explicação sobre o iniciado no candomblé Angola edição especial.


Atabaques (Ngomas) no candomblé Angola.


As Ngomas

O som é a primeira relação com o Mundo e com a energia espiritual desde o ventre materno. Abre canais de comunicação que facilitam o tratamento e a ligação entre o modo de zuelar (cantar) louvar para os seres da nossa mãe da natureza. Além de atingir os movimentos mais primitivos, a música tem como elemento ordenador que organiza a pessoa internamente.

O som e as cantigas entoadas são como um condutor do Nkisi é o som do couro e da madeira vibrando que trazem os nossos Nkisi, são sinfonias africanas sem partitura. Os atabaques que chamamos de Ngomas são os principais instrumentos da música do candomblé Angola, cuja execução e de toda responsabilidade dos Tatas Kambondos, as batidas nas Ngomas devem ser somente tocadas com as mãos.
 
As Ngomas são de origem africana usados em todos rituais típicos do candomblé Angola. De uso tradicional da música ritualística e religiosa, são utilizados para convocar os Nkisi. Ngomas tem a maior importância dentro dos cultos afros brasileiro, cada Nzo (terreiro) tem suas próprias Ngomas que são apenas usados somente em três partes.

Cada uma referência um Nkisi do Tata ou Mametu, a maior Ngoma representa o Nkisi da casa ou seja o Nksi do zelador ou zeladora, a segunda Ngoma o segundo Nkisi, a terceira Ngoma menor o terceiro Nkisi. As Ngomas no candomblé Angola são objetos sagrados e renovam anualmente o Axé, são usados unicamente nas dependências do Nzo, não saem para a rua de forma alguma, como os que são usados nos Afoxés, estes são preparados exclusivamente para o uso somente dentro do terreiro.
As membranas das Ngomas são feitas com os couros dos animais que são oferecidos aos Nkisi. Quando a Ngoma é nova comprado na loja, geralmente o couro é descartado, só depois de passar por rituais é que poderão ser usadas no terreiro.

As Ngomas no candomblé Angola só podem ser tocados por Tata Kambondo, somente os Tata Kambondo que começam o toque e terminam. Quando termina uma Kizomba festa as Ngomas são cobertas com um pano branco, para evitar que nvumbis eguns penetram dentro delas. Através do desempenho das Ngomas que os Nkisi vão executar a sua coreografia de dança, sempre acompanhando os toques nas tradições Bantu Kongo.

Padê de Exú, como praticar esse ritual.



Padê de Exú

Um ritual para ser executado antes de qualquer cerimônia interna ou pública no candomblé, Exú é sempre o primeiro a ser homenageado. Antes de iniciar qualquer cerimônia é obrigatoriamente servir o padê de Exú.


Padê pode ser preparado de várias formas o principal a farinha de mandioca grossa misturada com mel, água, azeite de dendê e cachaça. São colocados em um alguidar de barro não pode servir em bacia de plástico ou prato de louça. Pode ser misturado com dois ou três tipos de padês no alguidar separados ao meio, um alimento que será oferecido a Exú.


Alguns costumam dizer vou despachar o Exú, mas na verdade se pronuncia vou despachar o padê. Neste ritual do padê estamos apenas colocando o Exú como guardião e como mensageiro, aquele que vai proteger o Nzo (terreiro) de qualquer desavença que possa prejudicar a cerimônia que será executada. Ter a total segurança e avisar o Nkisi que o Nzo esta seguro, e que todos possam se manifestar para a cerimônia.


Exú é o mercúrio africano o intermediário necessário entre o homem e o sobrenatural, o intérprete que conhece ao mesmo tempo a língua dos mortais e dos Jinkisi (deuses), ele é o encarregado de tudo. O padê não tem outra finalidade a não ser trazer a melhor segurança para o Nkisi e para todos que na cerimônia estarão presentes.


O padê é celebrado por duas pessoas de cargos no Nzo, os mais antigos da casa com som de cânticos e danças, sobre direção do padê no centro do Nzo diante de uma quartinha de barro com água, uma vela branca e um alguidar de barro contendo padê o alimento do Exú , que será entregue por um Tata, Mametu ou uma Makota.


Sabemos que os cuidados dentro do Nzo é de extrema segurança, se não despachar o padê antes de iniciar a cerimônia, pode causar grandes problemas durante a celebração como intrigas, desentendimentos, causar negatividades para aqueles que estão presentes, e pode influenciar maus espiritos pertubadores no decorrer do período da celebração, o Nzo fica totalmente desprotegido. Por isso o padê não pode faltar, Exú é o primeiro a ser oferecido, esses Exús são os donos da rua não pertencem ao Nzo.


Lembrando que a quartinha com água, vela e o padê serão levados para fora do Nzo onde serão despachados na rua, somente o padê e a água serão despachados. A quartinha será colocado água, e a vela serão colocados ao lado do Exú Onãn, com um propósito de agradecimento a Kizomba (festa) que vai ser realizada, e nesse momento pode começar.

Tata Pokó, os rituais de sacrifícios no candomblé Angola.


Tata Pokó

No candomblé Angola as obrigações são acompanhadas com matanças de animais e de várias espécies. Esta cerimônia é uma das mais importantes dentro dos preceitos africano Bantu Kongo. São exigidos vários requisitos, por esta razão dentro da organização de um terreiro há sempre uma pessoa de cargo para execultar o ritual, além do Tata ou Mametu que são os responsáveis pelo terreiro temos o pai do corte Tata Pokó que significa pai da faca.
 
É através dele que teremos um bom êxito para o inicio do sacrifício e aceitação por parte do Nkisi. Uma matança mal feita e rejeitada que será entregue para o Nkisi e que vai receber a matança se destina a cobrança do executor caso cometa erros, a cobrança será em dobro ou até mesmo em triplo. Assim podemos avaliar a responsabilidade do executor.

O Tata ou Mametu terão o máximo cuidado ao preparar tudo que vão precisar para a função. Tata Pokó somente pode ter a autorização para fazer parte deste ritual somente aquele que for feito (com batismo) e receber a mão de ser o Pai da Faca, assim ele estará preparado para sua função no Nzo. 
Este cargo é uns dos mais importantes para os rituais de cortes no candomblé Angola. O Tata Pokó precisa conhecer o modo de preparo pelo qual deverá executar a matança para qualquer atividade que será entregue para cada Nkisi com fundamentos e cânticos adequados. É necessário saber qual o animal que será entregue para cada Nkisi, as cores e o sexo correspondente de cada animal, aves e outras espécie.

Tata Pokó tem o direito de fazer todos tipos de cortes, também entoar cantigas e tocar com as Ngomas dentro do Nzo, para qualquer eventual que necessite qualquer afinidade qualquer. Muitas pessoas pensam que pelo fato de ter visto matar algum animal está apta para realizar o mesmo sacrifício. 
E comete erros nessa prática sem saber como iniciar e como terminar e faz sacrifícios a torto e a direito. O resultado é sempre triste, tanto para o executor como para quem deixa induzir por pessoas com irresponsabilidade. Por isso para tais rituais de sacrifício, existem pessoas preparadas que receberam seus direitos para o ritual de matanças.

Tata Pokó precisa ter suas obrigações para poder ser o responsável pelo atos dos rituais do candomblé, o principal é receber a mão de faca para cortes, dentro do cerimonial adequado. Se não tiver recebido a mão de faca não poderá em hipótese alguma executar sacrifícios e muito menos dar mão de faca para alguém. Não pode dar aquilo que não tem ou que nunca recebeu.

Todo aquele que desejar completar as suas obrigações a fim de se tornar de fato um sacerdote, terá que receber tudo que necessita para iniciações dentro do culto no candomblé Angola.