Pedra Otá porque é usado no Candomblé

O que é um Otá

Estarei falando sobre Otá uma peça totalmente importante em todos os rituais no candomblé. Otá é uma pedra que pode ser marrom clara ou escura, lisa ou rugosa, conforme o caráter específico de cada uma, ela tem á força de liberar toda energia positiva que circulam ao seu redor quando é recebido por sacrifícios, e equilibra toda á força espiritual, Otá é conhecida como á força sagrada. 

Otá é uma pedra fetiche criada pela natureza, nasce nos rio de água doce, sua nascente vem desde os tempos antigos bem antes mesmo da nossa criação. Essas pedras são encontradas na beira de rios e nas cachoeiras, sempre banhadas por águas doce. O Otá é o elemento mais importante dentro dos cultos e rituais no candomblé, Otá está em todos os Ibás, assentamentos de qualquer Nkisi - Bantu, Orixá - Yorubá, é no Otá que reside a força, energia de cada divindade. 

Otá exite deste o tempo da criação de todas as divindades, por isso ela é considerada uma pedra sagrada, e tem a ligação com todos, e também com axé dos nossos ancestrais. 

Como manusear um Otá no terreiro?

Otá pode ser encontrado em rios e cachoeiras, ela é uma pedra mas demorou anos para se tornar uma pedra. Ao retirar da água doce deve colocar em uma vasilha com tampa e colocar água do próprio rio para poder transportar até o terreiro. Chegando ao terreiro ela precisa ter um tempo de descanso no minimo um dia.

Sempre manter guardado em um lugar com uma temperatura ambiente médio bem fresco, com água limpa e pura em vasilhas com tampa. O uso dessas pedras somente para iniciação de montagem de Ibás ou assentamentos, ela servirá para dar inicio com a divindade e o iniciado que herdará por um tempo indeterminado. 

Otá precisa sempre ser bem cuidado após sua inauguração no Ibá ou assentamento, precisa manter sempre completo, ou seja não deixar o ibá ficar ceco sempre mante-lo com azeite doce, mel e os restantes que precisa alimentar. O quartilhão nunca pode ficar sem água, caso fique sem água pode causar dores de cabeça há quem o pertence.

Otá ele pode ser utilizado em assentamentos de divindades para todos os Nkisi / Orixás, entidades como, Exús, Pomba Giras, catiços linhagens de Caboclos. Otá seria como uma espécie de coração para qualquer uso da espiritualidade, uma peça fundamental que não pode faltar.

Um fato interessante é quando uma pessoa ela vai escolher um Otá, alguma energia naquele momento pode até chamar são atenção, como uma ligação energética, á pedra pode atrair de uma forma vibratória com aquela pessoa que vai obter.

Otá pedra transparente cristal de quartzo onde usar?

Existem outras pedras como Otá, a pedra transparente de cristal quartzo elas são menores e diferentes dos Otás marrom lisa. Essa pedra ela é transparente com uma cor branca leitoso ela não é apropriado para divindades e entidades.

O uso desta pedra é somente em rituais de bori, sua criação e transformação tem ligação com a paz interior, inferior e traz tranquilidade para quem precisa . Por isso o uso dela é restrito nesse ritual do bori.

Vídeo com mais explicação sobre a Pedra Otá porque é usado no Candomblé edição especial.



Exús o uso de ferramentas, assentamentos, características e fundamentos

Hoje vou falar sobre essas entidades que envolve tudo sobre a nossa vida pessoal, profissional em toda nossa vida espiritual.

Quem são os Exús?

Exús são entidades que representam a força e vitalidade, são considerados escravos, sua existência foi criada pelos rituais afro - brasileiro, uma crença que foi desenvolvida pelo povo do candomblé da nação Angola, após a chegada dos escravos entre o ano de 1594. Uma mistificação também criada e que foi adaptadas entre o candomblé Angola, Umbanda e a Kimbanda. Essa entidade não é como um Exú Orixá (Yorubá) ou Pambu Njila (Bantu), são diferentes em atos ritualísticos. Exús são entidades mais conhecidas e cultuadas pelos adeptos na religião afro - brasileiro.

Os Exús eles não possuem um corpo material, é um ser que apesar de possuir fagulhas ígneas estão ligados no plano astral e no campo cósmico. Os Exús são os espíritos dos mortos que receberam o título de uma legião e agem em conformidade com a mesma. Tais espíritos já estiveram presos no invólucro material (corpo físico), e após um determinado tempo podem adquirir características individuais para incorporação, que segundo às diretrizes dos nossos atos rituais devem ser cultuadas.

A sua comemoração anual é no mês de Dezembro o povo do candomblé Angola faz o encerramento para agradecer á essas entidades por tudo que fizeram durante o ano. Eles são festeiros, cantam, bebem, fumam, dançam, tem o total respeito entre eles os adeptos e com assistência que participam. Alguns Exús são bravos, outros são alegres, uns são feiticeiros, outros sorridentes eles receberam também o dom da vidências. Os Exús gostam muito de conversar e pode até dar conselhos para as pessoas que participam em momentos de festividades com consultas.

As características de Exus

Existem no entanto algumas características gerais sempre presentes dentro dos cultos, o Exú representa a força, vitalidade ele é responsável pela aplicação da lei espiritual. Eles demonstram seu poder principalmente em relação aos sacerdotes e aos fiéis já iniciados na espiritualidade. Mesmo que existem diferenças terminológicas e conceituais, essas características básicas estão sempre presentes.

Nos cultos e tradição da Umbanda e Kimbanda usam como uma forma de fé o uso das imagens de Exús e Pomba Giras, para suas crenças e seus cultos ritualísticos, no candomblé Angola não vivenciamos o uso de imagens para a nossa crença, por isso usamos o assentamento também como uma forma de pedidos e de fé.

Exú tem sua vibração própria, isso não significa que existe uma vibração cooperativa ou até mesmo cruzada com outra vibração, existem outras formas de Exús exemplos no candomblé Angola temos: Exú Tranca Rua, Tiriri, Arranca Toco, Sete Encruzilhadas, Exú do lodo, Exú Toquinho, Exú Veludo, Meia Noite, Capa Preta, Exú Rei entre outros. Exús todos eles tem uma ligação com cada Nkisi, Orixá e Vodum eles contém uma ligação a todos os iniciados. Os traços de personalidade mais comuns associados à eles são: caminhos, disciplina, paciência, energia e proteção.

Assentamentos de Exús

Assentamento significa assentar, acomodar é usado como um descanso para o Exú uma fundação que ajunta as energias e aplicando-as para diversos fins. Quando falamos assentar Exú não quer dizer que o Exú está ali sentado, o assentamento é uma forma do Exú receber suas forças, oferendas, sacrifícios, pedidos e ser chamado quando alguém precisar de algo. O Exú não é um espirito que fica preso ao assentamento eles são livres e podem estar em vários lugares ao mesmo tempo.

Como espíritos são chamados por rezas para atender quem os invocou para festas ou consultas, os assentamentos ficam sempre em lugares reservados no terreiro, em um quarto apropriado e restrito sempre com velas acesas e não podem ser visto ao público. Eles usam o assentamento para poder se locomover, se alimentar ou até mesmo deixar energias onde está beneficiando com forças positivas e abrir caminhos para quem precisa.

Importante:

Um fato importante que devemos analisar, quando é montado um assentamento não seria bom usar correntes ou cadeados. As correntes e cadeados servem para prender, trancar e amarrar, não seria viável o uso dessas ferramentas em assentamentos. Os Exús ficariam presos e não conseguiriam trabalhar e se manifestar em transe corporal, podendo causar problemas no terreiro e de quem o pertence.

Como é feito o assentamento de Exú?

Os assentamentos são feitos de várias formas e com diversos modelos com jeitos e crenças independente como é feito, o importante é que o Exú aceitou. Cada religião ou nação tem suas crenças e afinidades de como fazer. Mas tem o modo mais apropriado de se fazer. Vou citar algumas formas de uso com o assentamento de Exú.

No candomblé Angola usamos a argila para poder moldar uma forma de cabeça simbolizando o Exú que será assentado, á cabeça não pode ser comprado em lojas e sim feito no terreiro com cantigas e fundamentos, e pedindo coisas boas para o filho que vai receber. Pode até usar búzios como olhos, ficando mais atraente e modesto, à medida ou tamanho convém com o tamanho do vaso de barro que será iniciado no ato do processo. 

O primeiro passo seria o vaso de barro muitos usam a panela de ferro, mas a panela de ferro é usado para Pomba Giras. O uso da argila, cinco tipos de terras, três bichos peçonhentos, a água, três bebidas aguardente, azougue, ouro, cimento, três pinos de trem, três ferraduras, três punhais e outros fundamentos para completar o assentamento. Ele precisa estar completo, quanto mais perfeito for melhor será para quem vai receber.

Quando o assentamento estiver já pronto para uso teremos continuidade nesse ritual, para todo esse ato ritualístico serão feitas rezas, cortes de aves, e após a limpeza das aves será frito com dendê, farinha grossa, cebola e será colocado todo ixé no assentamento. Apenas sacerdotes ou pessoas mais velhos do terreiro podem fazer esses atos.

São apenas algumas explicações e exemplos de assentamentos dessas entidades de Exús, para Pomba Giras mudam todo o processo de assentar, não são iguais eles são totalmente deferentes.

Podemos dizer que teremos tudo e ao mesmos tempo nada, isso depende de como foi feito o assentamento. Lidar com as forças ativas dessas entidades é muito perigoso, precisa ter antes de tudo um ótimo conhecimento sobre o que possa fazer e não pode haver nenhum erro, não pode faltar nada. Exús são bons realizadores de desejos, mas devemos ter cuidado no que pedimos e no que pensamos.

Adjá o uso e significado no Candomblé

Explicação sobre ADJÁ

Adjá é um instrumento sagrado para as religiões das matrizes africana, uma espécie de campainha ou sino de metal seria como uma sineta, utilizada pelos sacerdotes nos cultos dos candomblés durante as festas públicas. O seu toque tem a finalidade de chamar as divindades e provocar um transe. 

O objeto pode ser de uma, duas, três, quatro até cinco sinetas (bocas), e o cabo é do mesmo material que pode ser de bronze, metal dourado ou prateado. Adjá é um material ancestral confeccionado em latão e aço.

As pessoas que já foram em cultos de Candomblés, certamente observaram o uso do Adjá. Este objeto à primeira vista parece apenas uma simples sineta, mas seu som pode deixar qualquer pessoa em transe quando tocado acima de sua cabeça, o Adjá é usada para invocar, chamar e liderar rituais do início dos trabalhos até o fim.

O Adjá tem à extrema importância para tudo que envolve a nossa espiritualidade não é só durante os cultos, mas também para obrigações, bori, feituras, invocar as divindades, chamar as divindades para qual direção seguir, rezas, além de acompanhar as danças e os toques dos atabaques, desenvolvimento dos iniciantes, ele é utilizado do inicio da festa até o encerramento.

Quem pode usar o Adjá

Nas festas comemorativas é comum vermos nas rodas de candomblés pessoas mais velhas sacerdotes como Zeladores/Zeladoras, Ekédi/Makota tocarem esse instrumento enquanto dançam para as divindades. Pessoas de cargo podem usar mas somente com autorização de um sacerdote. Iniciados que não tem cargos ou obrigação de sete anos não podem usar esse instrumento sagrado.

Pessoas novas que são iniciantes no terreiro que incorporam não possuem o direito de usá-lo se caso tocarem um Adjá sua divindade sendo Nkisi,Orixá ou Vodum entra em transe na hora, somente pessoas de cargo tem autorização para tocar este instrumento sagrado. Por isso devem aguardar o momento certo para o uso do Adjá.

Qual a finalidade do Adjá

Quando comemoramos festa nos terreiros de candomblés as divindades sendo Nkisi,Orixá ou Vodum são guiados pelo som do Adjá durante suas danças, o instrumento serve para manter a vibração das divindades na sala onde estão, o som serve para manter à energia e para que não saia daquele local onde está sendo realizado a festa.

Um sacerdote de cargo ou uma Ekédi/Makota dançam acompanhados com o uso desse instrumento para guiar a divindade durante todo o ritual. 

Usamos o Adjá para anunciar o inicio de algum ritual e para chamar atenção das pessoas para algum ato importante. Contudo no candomblé o Adjá passa por um processo de imantação e elaborado a ele energias como uma pequena oferenda com fundamentos adequados e rezas para poder utiliza-lo no terreiro. Não só apenas comprar na loja e usar para os rituais, por isso o Adjá passa por um ritual, passando pelo ritual ele já poderá ser usado no terreiro. 

O Adjá pode ser usado em toques de Exús

O Adjá por mais que ele é um instrumento sagrado pode ser usado para qualquer festividade dentro do terreiro, toques, oferendas de Exús, Pomba Giras, oferendas nas matas, festa de caboclo, obrigações e atos ritualísticos. 

Esse instrumento somente não pode ser usado em ebós, como ele é uma sineta que tem o som de chamar as divindades, não se usa em ebós porque o ritual de ebós é para despachar ou mandar em bora os eguns e não chama-los para confraternizar o ritual e sim despacha-los.

 Adjá sinetas (bocas) qual à finalidade

O Adjá pode ter uma, duas, três, quatro até cinco sinetas (bocas) o uso serve para qualquer divindade e atividade no terreiro, não existem hierarquia de divindades sobre esse instrumento, quanto mais sinetas melhor será o som para as divindades poder ouvir mais alto o som. Adjá de quatro ou cinco sinetas (bocas) estes somente os sacerdotes mais velhos podem ter o uso dentro do terreiro, e mostra a todos que aquele que o usa é um sacerdote mais velho.

Ibás e Assentamentos Candomblés Bantu/Angola, Yorubá/Ketu e Daomeano/Jeje.

Ibás e Assentamentos

Nesta postagem vamos falar o que é um Ibá e Assentamento dentro dos conceitos dos Candomblés do nosso Brasil. Ibás são assentamentos que representam há cada divindade no espaço físico no Mundo.

As Nações dos Candomblés não cultuam imagens para representar suas divindades, o que representa á uma divindade é o Ibá, quando olhamos para um Ibá é como se estivéssemos olhando para a própria divindade. 

O assentamento é um fundamento religioso que vem da áfrica, é comum vários povos e etnias como os Povos Bantu (Angola), Yorubás (Ketu), Efon (Jeje), são os principais povos que vieram para o Brasil como escravos, e dos quais herdamos essa prática espiritual africana até os dias de hoje.

Ibás são um conjunto de objetos simbólicos que representam há cada divindade exemplos: Nkisi, Orixás e Voduns, sendo que cada uma tem os seus símbolos específicos e apropriados. Acredita-se que o assentamento concentra o axé ou a força espiritual das divindades. Por isso que é usado para cultuá-la e fazer os seus pedidos, trazendo progresso para a vida de quem o possui.

Pessoas iniciados nas religiões da matriz africana somente recebem o assentamento de sua divindade quando são feitas as normas de iniciação como a feitura sua raspagem. Nesse momento o iniciado tem acesso ao seu assentamento que designa sua vida e o Ibá. 

Qual significado do Ibá

As divindades são adequadamente representados por símbolos e grafismos próprios de cada um e por extensão por outros elementos como folhas, arvores, favas e contas. Mas o Ibá é a sua representação mais adequada.

O Ibá é uma manifestação de fé, e por isso é um reconhecimento de nossa fé na religião. De acordo com a metafísica nos Candomblés, para tudo que existe na Terra tem um duplo elemento de ligação entre essas duas porções e um instrumento de concentração de energia. É usado para nos ligarmos às divindades, liga o físico à dimensão espiritual e à dimensão da Terra com o Céu.

O objetivo de um Ibá é potencializar a ligação do filho com sua divindade, o Ibá está vinculado diretamente à uma pessoa. Como já foi dito ele não armazena uma divindade, ele é a ponte de ligação direta entre o Céu e a Terra.

Para ressaltar o Ibá não é a divindade (Nkisi,Orixás ou Voduns), o Ibá representa apenas a ligação entre o espaço espiritual. Sua função não é trazer a divindade para a Terra porque as divindades já estão presentes em nossa vida o tempo todo.

As pessoas que tem seus Ibás no quarto de santo vestem seus Ibás e Assentamentos com suas roupas de cada santo como se fossem o próprio santo. Contudo o Ibá são de acesso muito restrito, de uso exclusivamente para o uso ritualístico, não tem visibilidade pública e ficam guardados dos olhos de todos.

Todos os Ibás e Assentamentos não são iguais, cada um tem suas diferenças mas todos carregam um otá, que é a onde a energia da divindade ou entidade se conectam. O Ibá e Assentamento precisa estar de acordo com o seu "respectivo santo" um otá (principal), obi ou orobô, serve para menga (sangue de obrigações) a água, cinco idés, cinco búzios (abertos) e cinco moedas. Somente a pessoa que será dono do seu Ibá poderá mexer ou um Sacerdote responsável, mais ninguém pode o Ibá é um assentamento totalmente sagrado. 

Ibás assentamentos para YABÁS

Mas o que é uma Yabá? Tal palavra que significa “Mãe Rainha” antigamente era usada no continente apenas para se referir a Yemanjá e Oxum. Mas quando chegou ao Brasil o termo se estendeu para todas as divindades femininas. Esses Ibás são todos de louças como bacia, pratos e a sopeira, a parte de baixo vai um quartilhão de barro. O quartilhão de louça somente é usado as divindades Lembá Dilê, Nkassuté Lembá (Bantu), Oxalá, Oxaguian (Yoruba,Voduns). Para as divindades Matamba/Yansã e Nzumbarandá/Nanã o Ibá não seria de louça e sim todo de barro igual como o quartilhão.

Assentamentos para OBORÓ

Oboró é o termo usado para os Yorubás/Voduns usado no candomblé chamado de "Rei" nos continentes para designar uma divindade para o sexo masculino. Não usamos o termo Ibá mas sim Assentamento e são diferentes das Yabás. Esse assentamento primeiro vem o ferro simbolizando a cada santo, mas bom ressaltar que cada um tem seus próprios assentamentos exemplos, Kaviungo, KongoLuande (Angola) Omolu, Obaluaê (Orixás/Voduns) são cuscuzeiro uma vasilha redonda de barro, com fundo perfurado, Nzazi/Xangô seria a gamela de madeira e um pilão, cada assentamento é designando ao seu ritual e há cada divindade assim correspondente. 

Nesse assentamento vai também um otá (principal), obi ou orobô, serve para menga (sangue de obrigações) a água, cinco idés, cinco búzios (abertos) e cinco moedas.

Obs: No Candomblé Angola não citamos Iabás e Oboró como no dialeto Yorubá/Voduns, chamamos apenas de Nkisi tradição dialeto Bantu Kongo.

Cada Ibá e Assentamento é uma representação material e pessoal, simbolizando a captação de energia oriundo da nossa própria natureza, ligado a todas as divindades correspondentes e sempre emanando energias para seus adeptos, crença e crentes.

Um assentamento deve ser feito sempre por um Sacerdote como: Tatá/Mametu (Angola), Babalorixá/Yalorixá (Ketu) e Doté/Doné (Jeje) que tenha o conhecimento necessário para isso e que saiba como consagrá-lo devidamente. Caso contrário será apenas um conjunto de louças sem nenhum valor espiritual.

Explicação sobre o ILÁ de Santo no Candomblé.

O ILÁ

Nessa postagem vamos falar sobre um ato muito importante que acontece nas casas de Candomblés, o ressurgimento do ILÁ. Seria como a própria natureza falando, gritando, nos lembrando que o Nkisi é o espírito da natureza. O ILÁ é um sinal de que ele está na terra, e que aquela pessoa que o manifestou não está mais ali e sim uma Divindade digna de adoração. 

Para que possamos entender melhor sobre o ILÁ teremos alguns princípios para ser realizado. O filho quando inicia na espiritualidade ele passa por vários graus de aprendizado com a sua devoção e dedicação com seu desenvolvimento espiritual. 

O KELÊ

O Kelê é a parte fundamental para que possa acontecer o primeiro ILÁ, será um elo uma aliança entre o filho e o Nkisi. Feito com um cordone um fio de cordão de algodão, nunca pode ser feito com fio de anzol ele não funciona e não pega energia que precisa ter no ato do ritual, por isso o cordão cordone é usado por segurar forças que serão adicionados no Kelê.

Jamais deve ser comprado em lojas, precisa ser feito por um responsável de cargo do Terreiro, será feita com cinco linhas de missangas que correspondem a cor de cada Nkisi. São colocados Búzios em um espaço com as missangas e somente será fechado com uma firma entre Búzios e amarrado no dia do Orô Maior (Obrigação). 

Após o filho ser recolhido e passar pelos seus sacrifícios de 21 dias de ronkó. Será celebrado uma Kizombá festa da saída do nascimento do Muzenza para Mona Nkisi filho de Santo. Até esse momento o Nkisi não se manifesta com seu ILÁ, existem também um preceito até o seu momento para poder iniciar o ILÁ mostrando que ele está presente. Quando o filho realizar os preceitos do Kelê, será resguardado por 03 meses com o Kelê e terá todos os seus artefatos recebido para sua segurança e proteção do resguardo.

O surgimento e o nascimento do ILÁ somente acontece e ressurge após o filho cumprir os 03 meses de preceitos com o Kelê, antes desse processo o Nkisi não pode soltar ILÁ, porquê não foi ainda lhe concebido os fundamentos necessários. O Zelador da casa será aquele que vai acompanhar todos os passos do filho, desde o começo da sua jornada espiritual, até seus dias na casa. 

O PRIMEIRO ILÁ

A queda do KeLé é muito importante mas não há necessidade de Kizomba festa para este ritual. Com uma tesoura (uso de obrigações) o Zelador corta o Kelê a onde foi amarrado, nesse momento o Nkisi solta o seu primeiro ILÁ se manifestando que ele está ali para todos e que possamos referência a sua chegada. Caso o Nkisi não consiga solta o seu ILÁ, pode haver problemas e consequências, isso significa que o Nkisi não aceitou a obrigação e que algo deu errado no processo do ritual, por isso tem que ter muito cuidado nessa parte ele é fundamental para que tudo possa sair correto.

O ILÁ pode variar muito os sons com ruídos de procedências desconhecidas. Cada Nkisi possui vários ILÁS diferentes e quando permitido ele vai soltar com a sua melhor forma de se representar.

BOLONÃ BOLAR NO SANTO NKISI CANDOMBLÉ

 

O BOLONÃ

Bolar é o mesmo que perder a consciência, é quando um Nkisi passa sua energia de radiação com essa pessoa que ainda não está preparada para receber tamanha carga, está pessoa vai cair desfalecida, este fenômeno é chamado de BOLONÃ BOLAR NO SANTO. Na verdade o ato de Bolar é uma declaração pública de que aquele determinado Nkisi  deseja a iniciação do seu filho sendo uma forma de chamar a atenção. Mas vale lembrar que quando está bolado no Nkisi isso não quer dizer que a pessoa esteja manifestada ou incorporada, na verdade está adormecida nos sentidos corporais.

Caído ao chão é necessário a presença de responsáveis sendo, Tatetu, Mametu, Kota ou Makota vão cobrir aquela pessoa que está bolada ao chão com um pano branco, no candomblé Angola chamamos de HALÁ, e ela será carregada na casa com cantigas de RITUAL DE BOLONÃ ela será erguida e levantada para todos os quatro cantos do terreiro até a sala criadeira lá ela será mantida. O Zelador ou á Zeladora verá no jogo de Búzios se ela ficará para iniciar sua obrigação de Orô Maior ou quando for despertada irá aguardar mais pra frente para se recolher.

As vezes é comum cantar para um determinado Nkisi e a pessoa pode ser uma vítima de tremores e sobressaltos, caindo no chão inconsciente aparentemente desmaiada. Este momento é visto como um apelo ou um pedido de iniciação do Nkisi para uma feitura no candomblé. Isso pode depender do Nkisi juntamente com o Zelador (Tata ou Mametu Ndengue) que irão decidir junto a um jogo de Búzios se aquele iniciante terá que se inicializar no Nzo Terreiro como uma Muzenza filho ou filha.


VERDADE QUE A PESSOA QUE BOLAR NO NKISI TEM QUE FAZER SUA PRIMEIRA FEITURA?

Iniciar na espiritualidade é uma escolha pessoal, o Nkisi manifesta sua vontade de querer uma iniciação, mas não obriga há ninguém iniciar para a espiritualidade no candomblé, quando a pessoa é acordada deste estado de sonolência, ela será informada de tudo o que aconteceu, suas decisões serão tomadas para se iniciar ou não.

O Nkisi não exige, e não obriga e nem cobra ninguém para fazer sua iniciação a feitura no candomblé. Essa história de que se bolar tem que sair raspada do barracão e que pode até morrer isso não existe. O Nkisi entende que a pessoa tem que se ajustar com a sua vida tanto familiar como profíssional, se erguer levantar e preparar para sua entrada no ronkó, a iniciação deve ser realizada com total consentimento e concordância do iniciado com alegria e amor, por renascer há uma nova vida através do candomblé e do Nkisi.

CONFIRMAR SE É RODANTE MAKOTA OU TATA KAMBONDO SE INICIAR.

Bolonã hoje em dia e muito pouco utilizado e na maioria das casas de candomblés no Brasil é de suprema importância ter este ritual nos terreiros, também serve para confirmar se o futuro do iniciado será uma Muzenza rodante (filho ou filha) ou uma Kota (Kota apenas confirmada após sua feitura obrigação será chamada de Makota) ou Tata Kambondo (Ekedy ou Ogãn) ministros. Para cultuar este ritual é marcado uma data comemorativa somente para o BOLONÃ com cantigas dos Nkisi dos futuros iniciados e com uma grande cerimônia, a participação é feita somente para convidados mais próximos e também serão as testemunhas deste evento. Ser uma Muzenza é preciso bolar e cair ao chão como se estivesse desmaiando, ao cair será coberto com um HALÁ (pano branco) isso significa que o rodante terá suas incorporações com divindades e do seu próprio Nkisi. 

Para confirmar os nossos futuros ministros Tata Kambondo e Kota são feitos os mesmos rituais procedimentos como os dos Muzenzas, com rituais e cantigas para os seus Nkisi. Sendo que através de testemunhas serão vistos que não terão incorporação e que não cairão no Bolonã, esses serão confirmados como pessoas de cargos ministros no terreiro até suas obrigações de iniciação, ou podendo se iniciar naquele momento e ser recolhido e mantido nos seus respeitosos 21 dias de sacrifícios.

CONFIRMAR SANTO NKISI PELO BOLONÃ É CORRETO ?

Não é correto confirma santo no Bolonã, porque quando um filho se inicia na casa, já automaticamente o Zelador precisa saber qual é a história que aquele filho tem, que Santo Nkisi pertence e como será seu futuro. O jogo de Búzios será a melhor forma e a ferramenta ideal para este uso e tem tudo que um bom Zelador precisa saber sobre o Odú (caminho) de cada um. Quando é realizado o Bolonã filhos com poucas idades ou iniciantes rodantes incorporam quando alguém cai desmaiado ao chão, até Nkisi dos mais velhos respondem ao Bolonã. 

O Bolonã é um ritual usado somente para recolhimentos ou seja toda vez que for recolher uma MUZENZA ou TATA KAMBONDO E KOTA precisam do BOLONÃ isto é necessário sem o Bolonã não tem feitura e inicialização com a história do camdomblé, é o Bolonã o começo de tudo sobre a vida histórias destas pessoas, e o mais importante para confirmar se o Muzenza é um rodante ou não, Tata Kambondo ou Kota se tem história para serem ministros da casa ou se caso Bolar (cairem no chão) serão rodantes. Está é a importância e necessidade do BOLONÃ em todos os terreiros de candomblés.

Bolonã nome dado no Jeje e Angola, e Rodain no Ketu/Nagô são rituais muitos parecidos com uma mesma finalidade e utilizados em ambas Nações.