Gongobila o Nkisi perfeito e o mais belo,

Gongobila

O Nkisi da riqueza e da fartura, diz as histórias que Gongobila seria filho de Dandalunda e Mutakalambô, deus da guerra e da água. É sem dúvida um dos mais bonito Nkisi do candomblé Angola, já que a beleza é uma das principais características dos seus pais.
Caçador habilidoso e príncipe soberbo, Gongobila reúne os domínios de Mutakalambô e Dandalunda e quase tudo que se sabe a seu respeito gira em torno de sua paternidade.

Apesar de sua história é preciso esclarecer que Gongobila não muda de sexo a cada seis meses como muitos falam, isso seria um mito ele é um Nkisi do sexo masculino. Sua dualidade se dá em nível comportamental, em determinadas ocasiões pode ser doce e benevolente como Dandalunda, sério e solitário como Mutakalambô. Gongobila é um Nkisi de contradições, nele os opostos se alternam ele é o deus da surpresa e do inesperado.

Na África dizem que Gongobila seria na verdade um guerreiro caçador, o maior entre todos os caçadores pai de todos. Se observarmos as cantigas de Mutakalambô, veremos a expressão que tem um grande caçador junto com seu filho, ou seja Gongobila o filho do caçador, é constante poder inferir certa lógica nas histórias contadas pelos africanos.

A história revela que Mutakalambô feliz pelo filho vindouro, declarou a Dandalunda o seu amor e pediu a ela a posse do menino. Mutakalambô se expressou a Dandalunda dizendo:  por amor a você quero que Gongobila fique comigo, vou ensiná-lo a caçar, comigo ele vai aprender todos os segredos da floresta.

Mas Dandalunda também amava Gongobila e por maior que fosse seu amor por Mutakalambô ela não poderia separar do seu filho então declarou: Gongobila viverá seis meses com sua mãe e seis meses com o seu pai, comerá do peixe e da caça, ele será caçador e será pescador, mas sem deixar de ser ele mesmo.
Gongobila um príncipe na floresta e um caçador sobre as águas. 

Características dos filhos de Gongobila. 

Os filhos de Gongobila possuem as características de Dandalunda, ou seja narcisismo é caracterizado por um padrão generalizado de sensação de superioridade (grandiosidade), vaidade, gosto pelo luxo, sensualidade, beleza, charme, elegância. Tem também características em comum com Mutakalambô, beleza, vaidade, cautela, objetividade e segurança.

Mas algo não pode negar os filhos de Gongobila são bonitos e possuem olho de gato, algo que atrai e repele ao mesmo tempo. São do tipo bonito mas são mandões, os donos da verdade, os mais belos cujo ego não cabe nele mesmo. Melhor não fazer elogios em sua presença, á não ser que queira ver sua imensa cauda de pavão abrindo como um leque.

Quando têm á consciência de que consegue controlar os seus defeitos, os filhos de Gongobila tornam pessoas muito agradáveis, os filhos de Gongobila não andam eles pairam sobre o ar. 

Dia: Quinta feira.
Cores: Verde espelhado com amarelo ouro espelhado.
Símbolos: Ofá, aluquere.
Elementos: Terra floresta, água de rios e cachoeiras.
Domínios: Riqueza, fartura e beleza.

Vídeo com mais explicação sobre Gongobila edição especial.




Kuras - Orunkó - Dijina no candomblé Angola.


Kuras

Durante o processo de iniciação que normalmente geram os 21 dias no Idemburu (ronkó), são diversos rituais que têm que cumprir, e pelos quais o Muzenza têm que passar para interagir com seu Nkisi de forma íntegra. São tomados diversos cuidados para que dali em diante estar munido, e ter o conhecimento necessário das defesas, uma vez que vai nascer para sua nova vida nos cultos ritualísticos do candomblé Angola. 

Não se trata só de munir ou proteger o espírito das defesas, mas também o seu corpo físico a onde são feitas as chamadas kuras. 
As kuras são incisões feitas no corpo da Muzenza, e têm como objetivo de fechar o corpo protegendo de todo o tipo de más influências e negativas.  

É comum na sexta feira Santa todos passarem pelas Kuras chegando no Nzo de manhã bem cedo, todos de branco e em jejum. Essa Kura não é utilizado a navalha somente o atim e azeite doce, passando em todos os locais corretos no corpo. Para que possam passar o ano protegidos contra qualquer perigo e negatividade, e sendo renovado todo ano.

Este ritual eram praticados pelos Ndembu de Luanda pelo nome de Nkula, para purificá-los. No Brasil as Kuras são feitas no iniciado que vai passar pela sua feitura, e com o objetivo de proteger-lhes contra doenças, e todos os tipos de negatividades, muitos conhecem as Kuras como fechamento de corpo.

Para serem feitas essas incisões, será colocado o Atim (pó) de defesa, o atim tem uma composição base de diversas plantas e substâncias, e contêm também as ervas do Nkisi.

Para a execução das Kuras necessitam de uma navalha, atim, pemba e azeite doce, normalmente as Kuras são feitas no peito dos dois lados, nas costas nos dois lados, nos braços também nos dois lados, na cabeça somente em cima e na língua (caso coma algo que tenha feitiços a Kura na língua protege), e não vai deixar fazer mal algum. Evitando que de frente de costas ou no manuseio de qualquer coisa ou algo negativo possa entrar no corpo do iniciado.

Em alguns Nzo a Kura ela é tomada como infusão de ervas, porém na maioria das casas de candomblés, as Kuras são de origem africana, os cortes (
riscos) deveram ser feitos de forma pequena bem discreto, e depois serão colocados pequenos punhados de atim em cima de cada corte, para que o atim penetre no corpo e proteja dos males exteriores enviados a pessoa.


No centro do Mutuê (cabeça), impede que algo ruim possa penetrar na cabeça do Muzenza, facilitando a ligação com o Nkisi. É comum também fazer na sola dos pés, para evitar que algo negativo possa interferir, a
s Kuras devem ser feitas com cuidado, com a navalha limpa e conservada.


Orunkó

Literalmente chamando como eco do céu é o nome que todos os Jinkisi e Minkisi obrigatoriamente tem que ecoar no dia especial, chamamos de o nome do Nkisi, feito em público na presença de todos os irmãos, filhos e adeptos. 


Momento mais esperado da iniciação do candomblé Angola, um ritual de tensão muito grande e a expectativa dos sacerdotes e sacerdotisa que contribuíram nesta sagrada iniciação.

Pode ser afirmada ou negada pelo noviço de que tudo foi bem feito ou não, em caso positivo se ouve um grito triunfal do Orunkó, nesse momento todas as Muzenzas, Mona Nkisi que não tem obrigação de sete anos entram em transe.


Existe o nome do Nkisi esse deve ser totalmente secreto, não diz em público somente o Tata ou Mametu deve saber e preservar. Esse nome será revelado pelo próprio Nkisi no Idemburu quando o Tata ou Mametu for iniciar a feitura do Muzenza, somente o sacerdote pode saber.


Dijina

Dijína no dialeto Bantu que significa nome, no candomblé Angola 
a dijina será somente entregue uma unica vez no dia da saída da grande kizomba (festa), depois das saídas das pinturas, saída do Nkisi que faz a comemoração. Nesse momento o Mona Nkisi volta para o centro do Nzo com uma nova saída de comprimento nos quatro cantos do Nzo, passa pelo Ntoto e no final as Ngomas mostrando sua saudação. 

Neste momento o filho senta com uma esteira ao lodo do sacerdote para receber sua dijina perante a todos, o sacerdote fala um pouco da sua trajetória no Nzo e passa seu novo nome, e nesse momento seu Nkisi se manifesta confirmando a sua nova dijina.

Os iniciados após a feitura o batismo, todos recebem a sua dijina, e a partir desse momento em diante será conhecido por todos, e chamado somente por este nome dentro dos cultos religiosos em qualquer nação dos candomblés do nosso Brasil.

Vídeo com mais explicação sobre Kuras - Orunkó - Dijina no candomblé Angola edição especial.