Oferendas alimentos para o Nkisi, o que são oferendas, ebós conselhos.

O que é um Ebó:

São rituais que visam corrigir várias deficiências na vida de um ser humano trazendo uma melhoria na saúde, amor, prosperidade, trabalho profissional, equilíbrio, harmonia familiar e outros. A composição de cada ebó depende da sua finalidade os seus componentes vão desde bebidas, legumes, folhas, velas, pólvora, grãos de todos os tipos cozidos e torrados, sacrifício de aves, mel, dendê, artefatos de barro, etc.
 

O que é uma oferenda:

Chamamos oferendas aos rituais compostos de frutas, alimentos, grãos, carnes partes dos sacrifícios (os ixés), bebidas, flores, louças e adereços que servem para oferecer ao Nkisi, com uma súplica para alcançar uma graça, para homenagear e cultuar um Nkisi de forma correta e fortalecer o nosso vínculo. Cada Nkisi tem os seus respectivos alimentos, suas flores, cores e a sua forma particular do culto, orações e invocações.


Conselhos:


Quando for fazer um trabalho sendo um ebó, além da fé você deve:


1. Somente utilizar material novo, nunca velho o usado.
2. Nunca substituir um material por outro, somente para o ritual que será feito e com seu destino próprio.
3. Fazer o ebó com fundamentos necessário, cada ebó diferencia do outro.
4. Quando iniciar o trabalho mantenha o pensamento firme no que você realmente desejar.


Atenção:


Nunca faça um trabalho ou ebó para desejar o mal para alguém, um pensamento negativo atrai para você toda má vibração. E quando tiver seu desejo realizado lembre-se de agradecer da forma pura e sincera, um universo de boas energias passará a conspirar para você. 

 
Oferendas comidas e rituais em resumo:


São as comidas específicas de cada Nkisi para serem preparadas são submetidas a um verdadeiro ritual. Esses alimentos depois de prontos são oferecidos ao Nkisi acompanhados de rezas e cantigas.


Um resumo de oferendas, alimentos para cada Nkisi:


Pambu Njila:
As oferendas dadas a ele mais comuns são os padês a base de farinha de mandioca branca combinada com azeite de dendê, mel de abelha, água, bebida alcoólica e acaçá vermelho cozido feito com farinha de milho amarelo e enrolado em folha de bananeira, lavada e queimada ao fogo em algumas ocasiões também utilizados, cebola, moedas nas oferendas colocado em um alguidar de barro oferecida a esse Nkisi.


Nkosi: Nas oferendas são entregues inhame cozido e depois assado no fogo com azeite de dendê, feijão preto cozido colocado em um alguidar enfeitado com cebola refogada no azeite de dendê.


Mutakalambô e Gongobila:
Axoxô feito com milho vermelho cozido decorado com fatias de coco, sem casca. Ele também aprecia frutas em abundância e feijão fradinho torrado, não acrescentar mel. Oferecido em um alguidar de barro, antes do preparo forrar o alguidar com folhas de alface deixa o prato mais agradavel.


Kaviungo e KongoLuande: Oferenda, deburu ou doburu seria a pipoca, estourar o milho com azeite doce, enfeitando com fatias do fumo de corda, no alguidar.


Hongolo e Angoroméia: Sua oferenda, bata doce amassada e modelada em forma de cobra e também farofa de farinha de milho com ovos, camarões e dendê. A farinha será colocada em uma tigela branca redonda (louça), a batata doce modelada no prato branco.


Katendê: Prefere acaçá, milho vermelho enfeitado com agrião e fumo de corda no alguidar.


Tempo: Pipoca oferecido em alguidar de barro com mel e azeite doce ou dendê. Recebe como oferenda todos os tipos de grãos e frutas em abundância.


Matamba: O acarajé feito do feijão fradinho colocado na aguá para descascar, após retirar toda a casca passar na peneira fina essa massa acrescenta cebola ralada e um pouco de sal, frito com dendê. Oferece um amalá, quiabo fatiado em rodelas cozidas no azeite de dendê com uma pitada de sal e pó de camarão, oferecida em uma gamela redonda forrada com massa de acaça.


Dandalunda: Conhecido como omolocum feijão fradinho cozido com cebola, camarões e azeite de oliva, bem amassado e decorado com ovos cozidos sem casca. Oferecido um uma tigela redonda branca (louça).


Mikaia: Prefere peixe de aguá salgada regados ao azeite e assado, arroz branco cozido e temperado com camarões, cebola e azeite doce, oferece o manjar com leite de coco e acaçá branco em pratos brancos.


Nzazi: Amalá ritual feito com quiabo cortado em pequenas fatias, cebola ralada, pó de camarão, sal, azeite de dendê pode ser feito de várias maneiras. É oferecido em uma gamela oval forrada com massa de acaçá.


Lembá Dilê e Nkassuté Lembá: Somente aceita comidas brancas e tem preferência por milho branco cozido e sem tempero, oferecido em uma tigela oval branca (louça).


Wunji: Oferendas o mais tradicional o caruru, também pode lhe oferecer doces de diversas qualidades e frutas em abundância.

Importante:


Oferendas é apenas um resumo para ofertar nosso Nkisi e mostrar nossa gratidão lhe mostrando toda nossa fé pelas nossas conquistas realizadas. Sabemos que a oferenda é apenas um princípio dos rituais que lhe oferecemos, além dos sacrifícios de animais e aves de várias especies.


No candomblé Angola qualquer oferenda e sacrifícios necessita de rezas e fundamentos adequados para cada Nkisi, trazendo a invocação de sua energia e força contida em cada um.

Lembá Dilê, Nkassuté Lembá, Nkisi da criação.

Lembá Dilê

Foi o primeiro Nkisi criado por Nzambi Mpungu, o mais Nkakulu (velho) conectado à criação do Mundo. Sua cor é o branco todas as histórias que relatam a criação do Mundo passam necessariamente por Lembá Dilê que foi o primeiro Nkisi concebido por Nzambi Mpungu e encarregado de criar não só o Universo como todos os seres, todas as coisas que existiriam no Mundo.


A maior interdição de Lembá é de fato o azeite de dendê que jamais deve macular as suas roupas os seus objetos sagrados e muito menos o seu Mulele Ndele (Alá branco). O Mulele Ndele representa a própria criação está intimamente relacionado com a concepção de cada ser é a síntese do poder e criador masculino.


A sua função primeira já remete ao seu significado profundo ação de cobrir não evoca somente proteção e zelo denota atividade masculina. Nas festas (kizombas) de cerimônia no Nzo Lembá é homenageado por último porque ele é o grande símbolo da síntese de todas as origens. Ele representa a totalidade o único Nkisi que reside em todos os seres humanos.


Todos são seus filhos e todos nós somos irmãos já que a humanidade vive sob o mesmo teto o grande Mulele Ndele que nos cobre e protege. Nkassuté Lembá o senhor do Mulele Ndele (Alá branco), ele é o senhor ligado a criação com seu irmão Lembá Dilê, embora também se manifeste como um guerreiro audaz Nkassuté Lembá traz em seu caminho a representação de muitos tempos passados e eternos.


Características dos Nkisi: Lembá Dilê e Nkassuté Lembá.

Lembá Dilê - Velho e sábio foi o primeiro Nkisi criado por Nzambi Mpungu, conectado à criação do Mundo sua cor é o branco ligado a Mikaia. Um núcleo de sacerdotes ligados ao culto do Nkisi os dignitários portadores de títulos que fazem parte do corte desse rei tão respeitado por ser o mais velho.


Nkassuté Lembá
- Um guerreiro ganhou o título de guerreiro de batalhas uma de suas características e o gosto pelo inhame pilado que lhe valeu o apelido de guerreiro.


Saudação: Pembelê Lembá (Eu te saúdo Lembá).
Dia da Semana: Sexta feira.
Cores: Branco leitoso.
Simbolo: Opáxoró.
Elementos: Atmosfera e Céu.
Domínios: Poder procriador masculino, criação, vida e morte.

Kota Rifula, Acaça, Acarajé, e como preparar os alimentos do Nkisi.

Kota Rifula

Cozinhar e os truques entre a inversão e a recreação onde o tempo não para a comida e o comer ocupam um lugar fundamental na vida do Nzo (terreiros) do candomblé Angola. Isso aparece explicando de várias formas, através de uma visão muito ampla onde ela é conhecida como a força vital energia e o princípio criativo e doador, na comida se encontra a energia máxima de uma oferta.

Mas acima de tudo ela é a força que fortifica os ancestrais é um meio de veículo através do qual grupos humanos e civilizações se sustentaram durante milênios fazendo contato com o sagrado. No Nzo a chamada comida do Nkisi obedece a prescrições complexas construídas ao longo do tempo e redefinidas a cada momento de acordo com a função que deve desempenhar ou à realidade que deseje instaurar ou dialogar.

Tudo isso é expresso nas múltiplas maneiras e diferentes modos de preparar fazer ou de tratar os ingredientes. Nesse processo de diferenciação em que os ingredientes na sua grande maioria são os mesmos, muda a forma de ritualizar a elaboração o cuidado e tratamento. A maneira de lidar com o mesmo ingrediente, sentido impresso e invocado através das palavras de encantamento cantigas e rezas.

Falar sobre esta comida em relações dentro de um espaço em um momento que consiste em uns dos nossos principais desafios. Enfrentar o que tentamos fazer sob o título: a cozinha, o Nkisi e os truques entre a invenção e recriação onde o tempo não pode parar. O segredo desta culinária é comandado por uma guardiã da cozinha Kota Rifula (responsável em preparar comidas sagradas).

Aquela que muito faz e pouco fala, quando fala da sacerdotisa da comida as formas mais antigas de transmissão do conhecimento trazida pelas diversas etnias africanas vão ser evocadas a observação e a convivência. O mestre dos mestres será mais uma vez chamado o tempo, conhecimento ritual, respeito a criatividade e o comando apresentam como o perfil da Kota Rifula.
Orientam à sua escolha mesmo que hoje em novos tempos poucas são as mulheres que se disponham ao cargo, não pelo gosto mas pelas funções assumidas por ela na sociedade.

A imagem da Kota Rifula apresentada por sacerdotes remonta aos primórdios quando Nzambi Mpungu entregou o poder de criar e de tudo transformar às grandes Mães. A velha que cozinha divide assim com o poder ancestral feminino esta força assim como todas as mulheres, recair sobre ela o tabu da impureza que reflete as relações de poder as tensões entre o homem e a mulher expressas em alguns mitos da sociedade do candomblé Angola.
Acaça

Uma comida ritual do candomblé e da cozinha da Bahia, feito com milho branco ou vermelho, precisa ficar de molho em água de um dia para o outro e depois passado em um moinho para formar a massa que será cozida em uma panela com aguá sem parar de mexer até ficar no ponto.

Deve adivinhar quando a massa não dissolver pingada em um copo com aguá, ainda quente pequena porções da massa devem ser embrulhadas em folha de bananeira já limpa na aguá e passada no fogo, cortada em pedaços de igual tamanho para ficar tudo harmonioso.

Colocar a folha na palma da mão esquerda e colocar a massa, com o polegar dobrar a primeira ponta da folha sobre a massa, dobrar a outra ponta cruzando por cima e virando para baixo fazendo o mesmo do outro lado. O formato que resulta é o de uma pirâmide retangular.

O preparo do acaça com a farinha de milho branca oferece para todos Nkisi, a farinha de milho amarela oferece para Exús e as Pomba Giras.
Acarajé

Comida ritual para Nkisi Matamba, na África é chamado de akará que significa bola de fogo, no Brasil foram reunidas as duas palavras numa só acarajé ou seja comer bola de fogo.

O acarajé o principal atrativo no tabuleiro é um bolinho característico do Candomblé. Mesmo ser vendido num contexto profano o acarajé ainda é considerado pelas baianas uma comida sagrada. Por isso a sua receita embora não seja secreta não pode ser modificada e deve ser preparada no Nzo apenas pela Kota Rifula, feito para oferecer a Nkisi Matamba.

O acarajé é feito com feijão fradinho que deve ser quebrado em um moinho em pedaços grandes e colocado de molho na aguá para soltar a casca. Após retirar toda a casca passar novamente no moinho, desta vez deverá ficar uma massa bem fina. Essa massa acrescenta cebola ralada e um pouco de sal, o segredo em preparar o acarajé ficar macio o tempo que se bate a massa.

Quando a massa está no ponto fica com a aparência de espuma, para fritar use uma panela funda com bastante azeite de dendê ou azeite doce. Normalmente usa duas colheres para fritar, uma colher para pegar a massa e uma colher de pau para moldar os bolinhos. O azeite deve estar bem quente antes de colocar o primeiro acarajé para fritar. 
O primeiro acarajé sempre é oferecido a Pambu Njila pela primazia que tem no candomblé.

Nzumbarandá, a mais velha e mais temida.

Nzumbarandá
 
Nzumba a mais velha dos Nkisi e da iniciação da natureza na Terra, tem relação com a lama roxa que aparece nos barrancos em dias de chuva. Lendas contam que Nzumbarandá era a rainha de um povo e que tinha poder sobre os mortos. Queria ter o poder de Lembá Dilê mas ele não ligava para ela, Nzumbarandá então fez um feitiço para ter um filho mas tudo aconteceu de errado com ela por causa do feitiço o seu filho Kaviungo nasceu todo deformado. 

Horrorizada Nzumbarandá jogou seu filho no mar para que morresse, com castigo pela crueldade Nzumbarandá engravidou de novo, Nzambi Mpungu (Deus Supremo) disse que o filho seria lindo mas se afastaria dela para correr o Mundo, assim nasceu Hongolo que durante a sua existência viveria na Terra como uma cobra que se arrastaria no chão pelos quatros cantos do Mundo.

Nzumbarandá proprietária de um cajado, Nkisi de água parada que mata uma cabra sem usar faca, é considerada um Nkisi mais antiga do Mundo. Quando Nzambi Mpungu chegou aqui para frutificar o Ixí (Terra) ela já existia, Nzumbarandá desconhece o ferro se trata de uma Nkisi da pré história, anterior a idade do ferro. 

O termo Nzumbarandá um Nkisi de cultos e tradições com rituais no candomblé Angola. Nzumbarandá é a força da Natureza que o homem mais teme ninguém quer morrer! Ela é a senhora da passagem desta vida para outra comandando o portal mágico a passagem das dimensões.
Nas histórias Nzumbarandá era esposa de Nkosi e ocupava o cargo de juíza só julgava os homens, sendo muito respeitada pelas mulheres eram consideradas como deusas.

Ela morava em uma bela casa com jardim, quando alguém apresentava alguma reclamação sobre seu marido ela amarrava a pessoa numa árvore e pedia aos nvumbis para assustá-los. Uma outra lenda registra em uma reunião os Nkisi aclamaram Nkosi como o mais importante deles do que Nzumbarandá, não se conformando em ser derrotada por ele assumiu que não mais usaria os utensílios de metal criados pelo Nkisi guerreiro (escudos e lanças de guerra, facas e setas para caça e pesca). 

Por isso que ela não aceita oferendas em que apresentem objetos de metal ou ferro. Nzumbarandá se tornou uma Nkisi mais temidas tanto que em algumas tribos quando o seu nome era pronunciado todos se jogavam ao chão. Senhora das doenças cancerígenas está sempre ao lado do seu filho Kaviungo ela é protetora dos idosos, desabrigados, doentes e deficientes visuais.

Dia da Semana: Sábado.
Cores: Branco com traços azuis, roxo.
Símbolo: Bastão de hastes de palmeira.
Elemento: Terra, água, lodo.
Domínios: Vida e morte, saúde e maternidade.