Maria Nenem a primeria do candomblé Angola no Brasil.


Maria Nenem ou Maria Genoveva do Bonfim 

Mametu Tuenda dia Nzambi sua dijina, nascida em 1865 no Rio Grande do Sul e falecida em 1945 em Salvador - Bahia, era filha de Santo de Roberto Barros Reis (Tata Kimbanda Kinunga sua dijína), africano que teria recebido esse nome por ter sido escravo de Barros Reis, um membro tradicional da família baiana. 

Maria Nenem foi a fundadora do primeiro Nzo (terreiro) de candomblé Angola no Brasil e fundou a primeira raiz Tombeicí, a matriz de importantes casas Kongo Angola ao lado de sua irmã Mariquinha de Lembá grande matriarca do candomblé Angola Kongo da Bahia.


Mametu Tuenda dia Nzambi era gaúcha a onde foi nascida iniciada por Roberto Barros Reis, provavelmente no início do século XX. Segundo o depoimento oral dos antigos era mulher muito enérgica e de semblante fechado, riso difícil mas de caráter irrepreensível e de bom coração. Como prova o ato de adotar inúmeras crianças, alguns falam em 17 outros em 21, que criou como filhos até a fase adulta. 


Maria Nenem recebeu todos os cuidados de ser a sacerdotisa espiritual mais respeitada do Brasil, recebeu todos os conhecimentos relativos ao candomblé Angola e fundamentos trazidos da África através do Roberto Barros Reis africano, seus dons pelos Jinkisi e suas culturas assim se relatou.


Maria Nenem exercia a profissão de corretora de imóveis, Edison Carneiro a coloca na galeria de ser a mais amada da Bahia da sua época. Durante a perseguição movida pelo delegado Pedro Gordilho ao povo do candomblé Angola, conta a história quase lendária que Maria Nenem foi a única a nunca ser molestada pelo delegado, inclusive ela colocou na sua casa uma placa com os dizeres – cá te espero – numa clara afronta ao poder do sanguinário delegado.


Outra versão do relato conta que Pedro Gordilho ao tentar invadir o Nzo da matriarca foi tomado por Nkosi e perdeu as faculdades mentais. Evidente que estas histórias surgiram á partir da fama da protagonista, mulher com certeza forte e decidida.


Não se sabe quando Roberto Barros Reis morreu, mas segundo a tradição o terreiro Tombeicí fundado por ele ficou como herança para sua filha de Santo Maria Nenem que morreu em 1945 permanecendo sua casa fechada durante anos. Sendo que os assentamentos dos seus Jinkisi teve os cuidados por parentes mais próximos, mas nenhum filho de Santo da sua casa se dispôs a continuar com o trabalho da Sacerdotisa.


Maria Nenem é chamada a Mãe do Angola, reafirmando seu papel de fundadora de uma das vertentes do candomblé na Bahia. Foi a iniciadora de um dos mais prestigiados Zeladores de Nkisi Bantu, Manuel Ciriáco fundador da Tumba Junçara terreiro que deu origem a uma enorme linhagem.


Maria Nenem uma sacerdotisa que envolveu toda sua vida para muitos, e hoje todos do candomblé Angola seguem seus princípios da cultura Bantu no Brasil.

Um comentário:

  1. Texto maravilhoso.
    Nele aborda-se a presença banto no Brasil, cuja identidade cultural seria zelosamente preservada, sobretudo nos templos religiosos da Nação Angola- Congo. Que ao contrário do que é dito, possui a sua historicidade própria.

    A importância do registro,
    e da cuidadosa preservação dessa historicidade, advém do fato da sua antiguidade e abrangência histórica. Ela aborda tanto as primeiras impressões, do homem negro no Brasil. Como descortina, a África Pré-Colonial.

    Em função dessa abrangência,
    esse raro legado cultural, não é um patrimônio cultural apenas do negro no Brasil, mais também o é do negro africano.

    Axé

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