Gongobila o Nkisi perfeito e o mais belo,

Gongobila

O Nkisi da riqueza e da fartura, diz as histórias que Gongobila seria filho de Dandalunda e Mutakalambô, deus da guerra e da água. É sem dúvida um dos mais bonito Nkisi do candomblé Angola, já que a beleza é uma das principais características dos seus pais.
Caçador habilidoso e príncipe soberbo, Gongobila reúne os domínios de Mutakalambô e Dandalunda e quase tudo que se sabe a seu respeito gira em torno de sua paternidade.

Apesar de sua história é preciso esclarecer que Gongobila não muda de sexo a cada seis meses como muitos falam, isso seria um mito ele é um Nkisi do sexo masculino. Sua dualidade se dá em nível comportamental, em determinadas ocasiões pode ser doce e benevolente como Dandalunda, sério e solitário como Mutakalambô. Gongobila é um Nkisi de contradições, nele os opostos se alternam ele é o deus da surpresa e do inesperado.

Na África dizem que Gongobila seria na verdade um guerreiro caçador, o maior entre todos os caçadores pai de todos. Se observarmos as cantigas de Mutakalambô, veremos a expressão que tem um grande caçador junto com seu filho, ou seja Gongobila o filho do caçador, é constante poder inferir certa lógica nas histórias contadas pelos africanos.

A história revela que Mutakalambô feliz pelo filho vindouro, declarou a Dandalunda o seu amor e pediu a ela a posse do menino. Mutakalambô se expressou a Dandalunda dizendo:  por amor a você quero que Gongobila fique comigo, vou ensiná-lo a caçar, comigo ele vai aprender todos os segredos da floresta.

Mas Dandalunda também amava Gongobila e por maior que fosse seu amor por Mutakalambô ela não poderia separar do seu filho então declarou: Gongobila viverá seis meses com sua mãe e seis meses com o seu pai, comerá do peixe e da caça, ele será caçador e será pescador, mas sem deixar de ser ele mesmo.
Gongobila um príncipe na floresta e um caçador sobre as águas. 

Características dos filhos de Gongobila. 

Os filhos de Gongobila possuem as características de Dandalunda, ou seja narcisismo é caracterizado por um padrão generalizado de sensação de superioridade (grandiosidade), vaidade, gosto pelo luxo, sensualidade, beleza, charme, elegância. Tem também características em comum com Mutakalambô, beleza, vaidade, cautela, objetividade e segurança.

Mas algo não pode negar os filhos de Gongobila são bonitos e possuem olho de gato, algo que atrai e repele ao mesmo tempo. São do tipo bonito mas são mandões, os donos da verdade, os mais belos cujo ego não cabe nele mesmo. Melhor não fazer elogios em sua presença, á não ser que queira ver sua imensa cauda de pavão abrindo como um leque.

Quando têm á consciência de que consegue controlar os seus defeitos, os filhos de Gongobila tornam pessoas muito agradáveis, os filhos de Gongobila não andam eles pairam sobre o ar. 

Dia: Quinta feira.
Cores: Verde espelhado com amarelo ouro espelhado.
Símbolos: Ofá, aluquere.
Elementos: Terra floresta, água de rios e cachoeiras.
Domínios: Riqueza, fartura e beleza.

Vídeo com mais explicação sobre Gongobila edição especial.




Kuras - Orunkó - Dijina no candomblé Angola.


Kuras

Durante o processo de iniciação que normalmente geram os 21 dias no Idemburu (ronkó), são diversos rituais que têm que cumprir, e pelos quais o Muzenza têm que passar para interagir com seu Nkisi de forma íntegra. São tomados diversos cuidados para que dali em diante estar munido, e ter o conhecimento necessário das defesas, uma vez que vai nascer para sua nova vida nos cultos ritualísticos do candomblé Angola. 

Não se trata só de munir ou proteger o espírito das defesas, mas também o seu corpo físico a onde são feitas as chamadas kuras. 
As kuras são incisões feitas no corpo da Muzenza, e têm como objetivo de fechar o corpo protegendo de todo o tipo de más influências e negativas.  

É comum na sexta feira Santa todos passarem pelas Kuras chegando no Nzo de manhã bem cedo, todos de branco e em jejum. Essa Kura não é utilizado a navalha somente o atim e azeite doce, passando em todos os locais corretos no corpo. Para que possam passar o ano protegidos contra qualquer perigo e negatividade, e sendo renovado todo ano.

Este ritual eram praticados pelos Ndembu de Luanda pelo nome de Nkula, para purificá-los. No Brasil as Kuras são feitas no iniciado que vai passar pela sua feitura, e com o objetivo de proteger-lhes contra doenças, e todos os tipos de negatividades, muitos conhecem as Kuras como fechamento de corpo.

Para serem feitas essas incisões, será colocado o Atim (pó) de defesa, o atim tem uma composição base de diversas plantas e substâncias, e contêm também as ervas do Nkisi.

Para a execução das Kuras necessitam de uma navalha, atim, pemba e azeite doce, normalmente as Kuras são feitas no peito dos dois lados, nas costas nos dois lados, nos braços também nos dois lados, na cabeça somente em cima e na língua (caso coma algo que tenha feitiços a Kura na língua protege), e não vai deixar fazer mal algum. Evitando que de frente de costas ou no manuseio de qualquer coisa ou algo negativo possa entrar no corpo do iniciado.

Em alguns Nzo a Kura ela é tomada como infusão de ervas, porém na maioria das casas de candomblés, as Kuras são de origem africana, os cortes (
riscos) deveram ser feitos de forma pequena bem discreto, e depois serão colocados pequenos punhados de atim em cima de cada corte, para que o atim penetre no corpo e proteja dos males exteriores enviados a pessoa.


No centro do Mutuê (cabeça), impede que algo ruim possa penetrar na cabeça do Muzenza, facilitando a ligação com o Nkisi. É comum também fazer na sola dos pés, para evitar que algo negativo possa interferir, a
s Kuras devem ser feitas com cuidado, com a navalha limpa e conservada.


Orunkó

Literalmente chamando como eco do céu é o nome que todos os Jinkisi e Minkisi obrigatoriamente tem que ecoar no dia especial, chamamos de o nome do Nkisi, feito em público na presença de todos os irmãos, filhos e adeptos. 


Momento mais esperado da iniciação do candomblé Angola, um ritual de tensão muito grande e a expectativa dos sacerdotes e sacerdotisa que contribuíram nesta sagrada iniciação.

Pode ser afirmada ou negada pelo noviço de que tudo foi bem feito ou não, em caso positivo se ouve um grito triunfal do Orunkó, nesse momento todas as Muzenzas, Mona Nkisi que não tem obrigação de sete anos entram em transe.


Existe o nome do Nkisi esse deve ser totalmente secreto, não diz em público somente o Tata ou Mametu deve saber e preservar. Esse nome será revelado pelo próprio Nkisi no Idemburu quando o Tata ou Mametu for iniciar a feitura do Muzenza, somente o sacerdote pode saber.


Dijina

Dijína no dialeto Bantu que significa nome, no candomblé Angola 
a dijina será somente entregue uma unica vez no dia da saída da grande kizomba (festa), depois das saídas das pinturas, saída do Nkisi que faz a comemoração. Nesse momento o Mona Nkisi volta para o centro do Nzo com uma nova saída de comprimento nos quatro cantos do Nzo, passa pelo Ntoto e no final as Ngomas mostrando sua saudação. 

Neste momento o filho senta com uma esteira ao lodo do sacerdote para receber sua dijina perante a todos, o sacerdote fala um pouco da sua trajetória no Nzo e passa seu novo nome, e nesse momento seu Nkisi se manifesta confirmando a sua nova dijina.

Os iniciados após a feitura o batismo, todos recebem a sua dijina, e a partir desse momento em diante será conhecido por todos, e chamado somente por este nome dentro dos cultos religiosos em qualquer nação dos candomblés do nosso Brasil.

Vídeo com mais explicação sobre Kuras - Orunkó - Dijina no candomblé Angola edição especial.


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Caboclo e Boiadeiro no Candomblé Angola.


No Candomblé Angola temos a linhagens dos Caboclos.
 
Uma modalidade do culto candomblé Angola que transmiti uma energia exclusiva dos antepassados indígenas. Foi provavelmente o candomblé Angola que deram origem do nascimento da Umbanda no Brasil, esse ritual surgiu na chegada dos primeiros escravos africanos no Brasil no século XVIII.

Cultuavam espíritos ameríndios chamados de Caboclos, um exemplo nítido do sincretismo religioso popular no Brasil. As influências indígenas e mestiças, resumindo os hinos especiais de cada Caboclo, cantados em línguas em português, uma declaração dos seus poderes sobrenaturais. 

Caboclo

No candomblé Angola ele é o dono da terra, na sua maioria são espíritos de índios. Os Caboclos de maior popularidade são: Tupinambá, Tupiniquim, Sete flechas, Pena Branca, Sultão das Matas, Sete Serras, Serra Negra, Pedra Preta, Rompe Mato, Raio do Sol, Rompe Nuvem, Sete Montanhas, Arranca Toco, Caboclo Boiadeiro e outros. 

Outra maneira de interpretar as entidades de Caboclo são espíritos que apresentam sua forma de adultos. Com uma postura forte e de voz vibrante que trazem as forças da natureza, através do Nkisi, seu linguajar pode se assemelhar com a dos indígenas.

O candomblé de Caboclo seria uma manifestação própria de Salvador e municípios vizinhos na Bahia, o candomblé de Caboclo é uma espécie do nosso candomblé Angola nacionalizado, que toma por base a ortodoxia, em Salvador há sempre festas todo ano que inicia no dia 24 de Junho e que dura três dias, destina precisamente a homenagear há estás entidades.
 
Boiadeiro

É um Caboclo que em vida foi um valente do sertão, está ligado com o Caboclo indígena, habilidoso e valente e de muita força física. Vem sempre gritando e agitando os braços como se possuísse na mão um laço para laçar um novilho. Sua dança simboliza o peão sobre o cavalo, um andar sobre as pastagens.

Veste como um sertanejo, com roupas e chapéu de couro, cumpre um papel ritual muito semelhante dos Caboclos índios que se cobrem de vistosos cocares e penachos. Enquanto os Caboclos de penas são quase sempre sisudos e de poucas palavras, é possível encontrar alguns boiadeiros sorridentes e conversadores.

De voz grave é sempre difícil entender o que falam, os Boiadeiros trazem lições do tempo quando tinham respeito aos mais velhos, a natureza, família e aos animais, eles falavam mais alto. Representam a liberdade e a determinação do homem do campo em contraste com a humildade.

Iniciação, feitura explicações, como mudar sua vida no candomblé.

A Iniciação

Iniciar popularmente ser feito nascer ter sua feitura nos rituais da nação do candomblé Angola e possibilitar através de seus próprios rituais. O lado divino da pessoa transparecer e libertar o deus interior que existe em cada ser humano, permitindo vir e provocar o impulso irresistível capaz de conduzir a individualidade à realização pessoal. Estabelecendo dessa maneira a mais perfeita comunhão possível com o Universo, a natureza e com Nzambi Mpungu.

Sua própria vida no seu pulsar infinito, trabalha com seu corpo físico, mente e alma, são ritualisticamente preparados para os componentes da manifestação com o Nkisi o ser divino. Condições propícias estabelecidas para que a memória ancestral possa florescer nos confins do inconsciente, produzindo muitas vezes o transe nas suas mais variadas formas e também variados graus.

Ser um iniciado é nascer de novo, renascer como indivíduo mais forte, completo e potencialmente seguro, com as melhores condições retirando todo medo, traumas ou bloqueios se entregando por inteiro na sua busca da realização pessoal e espiritual.

A feitura

Conhecer a si mesmo pressuposto básico para a realização pessoal em todos os níveis desde sua origem. O ser humano anseia seus encontro com o infinito, essa busca incansável frequentemente provoca verdadeiras batalhas que são travadas no interior do indivíduo. Acompanhadas por sentimentos de angústia, ansiedade, inconformismo ou até mesmo de desespero, face ao desconhecido ou irremediável, as fatalidades e incertezas do amanhã o ciclo da vida e da morte.

Todo o processo de iniciação se destina à criação de ambiente propício com todo sonhado encontro. A história da humanidade espelha essa incansável busca de respostas aos enigmas da vida: Quem sou eu? De onde venho? Para onde vou? A felicidade é perseguida por todos, sendo muitas vezes um desejo alimentado pela incerteza. 

O ser humano continua colocando a sua própria felicidade longe de si mesmo, em circunstâncias exteriores: dinheiro, posição, poder, fama, ou na dependência de outras pessoas. Há milhares de anos os nativos do continente africano já tinham os mesmos anseios, conhecer o seu deus, os mistérios do Universo a origem da vida.

Nzambi Mpungu em sua graça e poder infinito, permitiu conhecer a sabedoria do Ifá. A criação do Universo e dos seres humanos, os princípios que regulam as relações entre o Ixí (Terra) com mundo espiritual e o conhecimento dos Jinkisi e Minkisi, divindades intermediárias entre Nzambi e os homens.

Desenvolveram com rituais iniciáticos para os mistérios de cada Nkisi, com a forma de realizar o sagrado, ou seja permitir que o deus interior na figura de um ancestral divino desperte em cada indivíduo e estabeleça a ponte com os cosmos, tão necessária à realização pessoal. Tornando assim capaz de fazer escolhas mais acertadas e consequentes em relação à vida e aos semelhantes na construção da própria felicidade.

A compreensão clara de que o destino é uma possibilidade e não uma fatalidade é a base dessa realização. O conhecimento das forças que regem o Universo e a vida, nas suas mais variadas formas e meios de manifestação. Bem como dos princípios que regulam essa interação é o caminho da iniciação o próprio nascimento da feitura.

Como iniciar a feitura, quem vai aprimorar a feitura.

O momento de ser chamado é diferente para cada pessoa, para alguns uma doença difícil de ser curada, para outros há dificuldades do próprio caminho. As religiões tradicionais por concluírem que muitas delas estão tão voltadas para o dia a dia dos homens e para os seus interesses imediatos que acabam fugindo da sua real finalidade. 

Promover o encontro do ser com á divindade, amparar em suas dificuldades espirituais. Alguns ainda são provenientes de outras religiões ou filosofias espiritualistas, finalmente existem aqueles que simplesmente são tocados pelo Nkisi no fundo da própria alma. A iniciação para obter sua feitura acontece em um período de 21 dias recolhido, essa reclusão do recolhimento ocorre no Nzo, em aposento próprio para tal finalidade.

Esse período é comparável a gestação na barriga da mãe, nesse aspecto o aposento sagrado representa o ventre da própria mãe natureza.
O neófito aprende os mistérios básicos das divindades e da criação, os costumes da comunidade e os princípios que regulam as relações da família religiosa. Uma hierarquia sacerdotal, as formas adequadas de comportamento nas cerimônias públicas e restritas.

Conhecendo o seu próprio Nkisi são ministrados a maneira adequada de cultuar as suas proibições, as virtudes que deverão ser cultivadas e os vícios que deverão ser evitados para atrair influências benéficas e uma relação de harmoniosa com a sua divindade espiritual e com o seu lado pessoal.

O que pode mudar na vida do iniciado.

O destino é dado a cada ser na melhor forma com grandes possibilidades, nunca para à fatalidade. Desse modo antes de vir para esse mundo escolheu por exemplo ser médico, ao renascer na Terra encontrará no seu caminho situações que direcionem para essa profissão.

Entretanto isto não quer dizer que necessariamente venha a exercer a medicina, ele pode mudar todos os rumos da sua própria vida, através do exercício do livre arbítrio que aliás é um conceito universal. Cada qual constrói a sua própria história, ocorre muitas vezes quando a pessoa faz suas escolhas erradas.

A tendência na sua longa vida é sofrer com as consequências desastrosas, pode ser fruto de um destino negativo, que exigirá tempo e determinação para ser superado. A dor transforma numa companheira constante, liga a todos os problemas do dia a dia, para não mencionar a situação difícil da sociedade contemporânea.

O conjunto destes fatores podem provocar sentimentos de impotência frente aos obstáculos e caminhos da vida ou simplesmente solidão, carência de carinho, de orientação e falta de coragem, carência e de fé. O Nkisi pessoal no particular pode influenciar muito, prevenindo ou mesmo e remediando todas situações de negatividades.

Conferindo força e equilíbrio ao seu tutelado, restaurando todas as suas energias, dando total proteção e orientando o melhor caminho a seguir. Mas o indivíduo deve permitir que o Nkisi atue de modo construtivo na sua própria vida, o Nkisi não representa problemas no caminho de ninguém, pode significar a solução da vida, caminho, felicidade em todos os pontos segurança e saúde. Através do seu apoio divino o ser humano pode criar condições para vencer as barreiras internas e externas para a construção de um futuro melhor para toda vida.

Pambu Njila o primeiro de todos Jinkisi e Minkisi.



Pambu Njila
 
No candomblé Angola Pambu significa encruzilhadas ou encruza e Njila significa caminho, Pambu Njila é uma divindade um intermediário entre os seres humanos e outros Jinkisi, o senhor do caminho e dos começo, guardião das aldeias que faziam seu culto geralmente nas entradas. 

A pronúncia Pambu Njila que podemos dizer: só fale comigo se realmente estiver certo do que quer, Nkisi mensageiro entre os homens e as divindades, um Nkisi considerado guardião e pai, tem seu lado agressivo e ao mesmo tempo gentil e passivo. Pode ter matado um pássaro ontem com uma pedra que jogou hoje. Ele é encarregado de zelar pelos caminhos da vida humana e responsável pela evolução dinâmica. 

Pambu Njila é o principio de tudo a força da criação, o nascimento, equilíbrio negativo do Universo. Ele é a célula mantém a geração da vida o que gera o próprio infinito, quantas vezes precisar. É considerado primeiro o primogênito, responsável e grande mestre dos caminhos o que permite a passagem do início e de tudo. 

Pambu Njila é a força natural viva que fomenta o crescimento, o primeiro passo em tudo o gerador do que existe do que existiu e do que ainda vai existir. Ele está presente mais que em tudo e todos, na concepção global da existência. A capacidade dinâmica de tudo que tem vida, principalmente dos seres humanos que carregam em seu plexo, elemento dinâmico denominador.

O elemento de Pambu Njila é o fogo (Tubia) divindade que conhece todos os atalhos, todos os caminhos e acompanha seu filho em todos os lugares que ele passar, não há portas fechadas para está divindade. Esse Nkisi está ligado diretamente a todos os caminhos, estradas, fronteiras, ruas, vielas, becos, encruzilhadas, atalhos, subidas, descidas, está em todos os movimentos de ligação de ir e vir de mudanças no novo rumo. 

Pambu Njila é um Nkisi respeitado e sempre será o primeiro à ser louvado e homenageado, recebe homenagens e louvações primeiro que qualquer outro Nkisi, ele quem guarda o dibitu (porta) no Nzo e também tem a função de avisar a outros Jinkisi que as cerimônias religiosas já terão o seu início. 

Pambu Njila é filho de Mikaia irmão de Nkosi e Mutakalambô, dos três é o mais agitado, capcioso, inteligente, inventivo, preguiçoso e alegre é aquele que inventa histórias, cria casos. Em uma muitas das suas histórias podemos entender exatamente sua capacidade inventiva, sua conduta maquiavélica e sua maneira prática de resolver seus assuntos e saciar seus desejos. Assim é Pambu Njila o senhor dos caminhos pai da verdade e da mentira, o deus da contradição, do calor, das estradas, do princípio ativo de vida o mestre de tudo e nada.

Mavilutango 

Mavilutango não é um Nkisi ele é o responsável que traz a ordem do Nzo. Mavilutango é o que recebe realmente a maica, a ele saudamos e pedimos a segurança do portão, para um bom andamento da Kizomba (festa). Quando dizemos que despachamos Mavilutango, não é Mavilutango que estamos despachando e sim estamos o enviando a nossa porta para segurar as brigas, os invejosos, espíritos perturbadores, e etc. 

Muitos usam o termo vou despachar Exú ou Mavilutango, o que na verdade seria vou despachar a porta e lá deixar Mavilutango, cuidando e nos protegendo de todas as negatividades que possam surgir. Fiscalizando e neutralizando todas as Kizilas, é impossível afirmar que se trata da vibração, da força que interliga o Ixí (Terra) e Duilo (Céu).

Saudação: Kiuá Nganga Pambu Nzila (viva o senhor dos caminhos).
Elemento: Fogo.
Símbolo: Um bastão adornado com cabaças e búzios.
Mineral: Carvão koque e mercúrio.
Dia da semana: Segunda-feira.
Fio de conta cores: Vermelho e preto.
Roupa: Vermelha e preta, cinza e roxo.
Oferendas: Farinha de mandioca grossa, com dendê, água, mel, aguardente.

Wunji Nkisi e Wunji mensageiro suas diferenças histórias e culto.


Wunji Nkisi

Um Nkisi criança infantil do culto no candomblé Angola, seria o mais novo dos Jinkisi. A divindade da brincadeira, da alegria, sua regência está ligada há infância e representa a mocidade alegria da juventude. Durante a festa sua dança se transforma em uma grande brincadeira, Wunji é o Nkisi da realidade são duas divindades gémeas infantis, ligadas a todos os Jinkisi e Minkisi e aos seres humanos. Por ser gémeos são associados ao princípio da dualidade por serem crianças, são ligados a tudo que se inicia e nasce a nascente de um rio, o nascimento dos seres humanos, o germinar das plantas e outros.

Wunji está presente em todos os rituais no candomblé Angola, se não for bem cuidado pode atrapalhar os trabalhos com as suas brincadeiras infantil, desvirtuando a concentração dos membros no Nzo (terreiro). O Nkisi que rege a alegria, inocência, ingenuidade da criança. 

A sua determinação é tomar conta do bebé até há adolescência, independentemente do Nkisi que a criança carrega. Wunji é tudo o que existe de bom, belo e puro uma criança pode mostrar o seu sorriso a sua alegria, sua felicidade, os seus olhos brilhantes. Em plena natureza traz a beleza dos cânticos dos pássaros, nas evoluções durante o voo das aves, a beleza e o perfume das flores.

A criança que temos dentro de nós, as recordações da infância, feche os olhos e se lembre de um momento feliz, uma travessura, você estará vivendo ou revivendo uma lenda deste Nkisi. Tudo aquilo de bom que nos aconteceu na nossa infância, foi regido gerado e administrado por Wunji. Portanto Wunji já viveu todas as felicidades e travessuras que todos nós seres humanos vivemos.

A lenda e a história de Wunji, acontece a cada momento feliz de uma criança ao menos para manter viva este tão importante Nkisi, procure dar felicidade a uma criança, faça você mesmo ainda que leigo no culto o encantamento de Wunji é fácil, faça gerar dentro de você a felicidade que esta vivendo. Transmita essa felicidade, contagie o seu próximo com ela, encante Wunji com a magia do sorriso com amor de uma criança.

Nkisi Wunji mensageiro, quais são as diferenças.


Nkisi Wunji

Existem duas diferenças entre o Wunji Nkisi e o Wunji mensageiro. O Wunji Nkisi é aquele que vem nas histórias do nascimento de um filho ou filha que terá com o longo do tempo até a sua feitura, a ligação com o Muzenza e esse pai Nkisi Wunji. Um Nkisi como os os outros, mas seu papel bem diferente como foi citado acima.

Foi uma criação e preparada com todo amor que uma mãe poderia ter, Dandalunda formou a criação do Wunji. Dandalunda é a mãe da fertilidade ganhou esse dom devido amor pelos seus irmão, filhos de Nzambi Mpungu. Nzambi sempre amou sua filha Dandalunda e apresentou dizendo a ela que criasse uma divindade e que poderia lhe manter feliz.
Dandalunda usou simbólicamente todas suas fórmulas de amor de mãe e fez a sua criação o Nkisi Wunji que hoje cuida de todas as crianças do nascimento até sua faze de adolescência. Hoje poucos são os filhos desse Nkisi Wunji.

O Wunji mensageiro

É aquele que vê, olha, escuta e fala pelos Jinkisi e Minkisi, eles podem vir de formas diferentes como uma Wunji fêmea criança quando uma filha carrega um Nkisi Mametu (mãe), e macho criança quando um filho carrega um Nkisi Tatetu (pai). Recebem nomes semelhantes aos Nkisi quando batizados na iniciação do Orô a feitura.

Vou citar alguns exemplos de nomes de Wunji mensageiros quando fêmea recebem nomes como, conchinha do mar se refere a Nkisi Mikaia, aguá dourada se refere a Nkisi Dandalunda, outros Wunji machos nomes como, trovão de fogo se refere ao Nkisi Nzazi, flecha dourada se refere ao Nkisi Gongobila com Dandalunda. Esses nomes somente serão entregues no inicio do Orô Maior à feitura.

Muitos perguntam como pode agir um Wunji mensageiro dentro do Nzo, mas alguns fazem mistérios devido esse mensageiro cumprir suas tarefas ao conjunto de vida que temos perante a eles. Mas muitos não cumprem as tarefas, devido a falta de informações e aprendizado.

O Wunji mensageiro ele tem a formação normal de uma criança, mas com uma inteligência fundamental, ele pode brincar, cantar, dançar, são espertos no que fazem. Outro fato importante que um Wunji mensageiro faz exemplos: comer frutas, comida em prato de ágata, tomar refrigerante ou aguá no copo de dilongá, ir ao banheiro quando precisa fazer suas necessidades, tomar banho somente com Maionga banho de ervas, com uma pessoa de cargo para banhar o Wunji.

A prática com esses mensageiros são fundamentais no desenvolvimento nos cultos do candomblé Angola. Os Wunjis mensageiros são misteriosos, cuidado quando pedir algo a eles, ou lhe prometer algo eles nunca esquecem. 

Dia da semana: Domingo
Domínio: Tudo que nasce, nascer dos rios, nascimento dos seres humanos e etc.
Cores: Fio de conta todas as cores, menos preto.
Roupa: Colorida.
Oferenda: Caruru de quiabo, frutas e doces de varias qualidades.

Oferendas alimentos para o Nkisi, o que são oferendas, ebós conselhos.

O que é um Ebó:

São rituais que visam corrigir várias deficiências na vida de um ser humano trazendo uma melhoria na saúde, amor, prosperidade, trabalho profissional, equilíbrio, harmonia familiar e outros. A composição de cada ebó depende da sua finalidade os seus componentes vão desde bebidas, legumes, folhas, velas, pólvora, grãos de todos os tipos cozidos e torrados, sacrifício de aves, mel, dendê, artefatos de barro, etc.
 

O que é uma oferenda:

Chamamos oferendas aos rituais compostos de frutas, alimentos, grãos, carnes partes dos sacrifícios (os ixés), bebidas, flores, louças e adereços que servem para oferecer ao Nkisi, com uma súplica para alcançar uma graça, para homenagear e cultuar um Nkisi de forma correta e fortalecer o nosso vínculo. Cada Nkisi tem os seus respectivos alimentos, suas flores, cores e a sua forma particular do culto, orações e invocações.


Conselhos:


Quando for fazer um trabalho sendo um ebó, além da fé você deve:


1. Somente utilizar material novo, nunca velho o usado.
2. Nunca substituir um material por outro, somente para o ritual que será feito e com seu destino próprio.
3. Fazer o ebó com fundamentos necessário, cada ebó diferencia do outro.
4. Quando iniciar o trabalho mantenha o pensamento firme no que você realmente desejar.


Atenção:


Nunca faça um trabalho ou ebó para desejar o mal para alguém, um pensamento negativo atrai para você toda má vibração. E quando tiver seu desejo realizado lembre-se de agradecer da forma pura e sincera, um universo de boas energias passará a conspirar para você. 

 
Oferendas comidas e rituais em resumo:


São as comidas específicas de cada Nkisi para serem preparadas são submetidas a um verdadeiro ritual. Esses alimentos depois de prontos são oferecidos ao Nkisi acompanhados de rezas e cantigas.


Um resumo de oferendas, alimentos para cada Nkisi:


Pambu Njila:
As oferendas dadas a ele mais comuns são os padês a base de farinha de mandioca branca combinada com azeite de dendê, mel de abelha, água, bebida alcoólica e acaçá vermelho cozido feito com farinha de milho amarelo e enrolado em folha de bananeira, lavada e queimada ao fogo em algumas ocasiões também utilizados, cebola, moedas nas oferendas colocado em um alguidar de barro oferecida a esse Nkisi.


Nkosi: Nas oferendas são entregues inhame cozido e depois assado no fogo com azeite de dendê, feijão preto cozido colocado em um alguidar enfeitado com cebola refogada no azeite de dendê.


Mutakalambô e Gongobila:
Axoxô feito com milho vermelho cozido decorado com fatias de coco, sem casca. Ele também aprecia frutas em abundância e feijão fradinho torrado, não acrescentar mel. Oferecido em um alguidar de barro, antes do preparo forrar o alguidar com folhas de alface deixa o prato mais agradavel.


Kaviungo e KongoLuande: Oferenda, deburu ou doburu seria a pipoca, estourar o milho com azeite doce, enfeitando com fatias do fumo de corda, no alguidar.


Hongolo e Angoroméia: Sua oferenda, bata doce amassada e modelada em forma de cobra e também farofa de farinha de milho com ovos, camarões e dendê. A farinha será colocada em uma tigela branca redonda (louça), a batata doce modelada no prato branco.


Katendê: Prefere acaçá, milho vermelho enfeitado com agrião e fumo de corda no alguidar.


Tempo: Pipoca oferecido em alguidar de barro com mel e azeite doce ou dendê. Recebe como oferenda todos os tipos de grãos e frutas em abundância.


Matamba: O acarajé feito do feijão fradinho colocado na aguá para descascar, após retirar toda a casca passar na peneira fina essa massa acrescenta cebola ralada e um pouco de sal, frito com dendê. Oferece um amalá, quiabo fatiado em rodelas cozidas no azeite de dendê com uma pitada de sal e pó de camarão, oferecida em uma gamela redonda forrada com massa de acaça.


Dandalunda: Conhecido como omolocum feijão fradinho cozido com cebola, camarões e azeite de oliva, bem amassado e decorado com ovos cozidos sem casca. Oferecido um uma tigela redonda branca (louça).


Mikaia: Prefere peixe de aguá salgada regados ao azeite e assado, arroz branco cozido e temperado com camarões, cebola e azeite doce, oferece o manjar com leite de coco e acaçá branco em pratos brancos.


Nzazi: Amalá ritual feito com quiabo cortado em pequenas fatias, cebola ralada, pó de camarão, sal, azeite de dendê pode ser feito de várias maneiras. É oferecido em uma gamela oval forrada com massa de acaçá.


Lembá Dilê e Nkassuté Lembá: Somente aceita comidas brancas e tem preferência por milho branco cozido e sem tempero, oferecido em uma tigela oval branca (louça).


Wunji: Oferendas o mais tradicional o caruru, também pode lhe oferecer doces de diversas qualidades e frutas em abundância.

Importante:


Oferendas é apenas um resumo para ofertar nosso Nkisi e mostrar nossa gratidão lhe mostrando toda nossa fé pelas nossas conquistas realizadas. Sabemos que a oferenda é apenas um princípio dos rituais que lhe oferecemos, além dos sacrifícios de animais e aves de várias especies.


No candomblé Angola qualquer oferenda e sacrifícios necessita de rezas e fundamentos adequados para cada Nkisi, trazendo a invocação de sua energia e força contida em cada um.

Lembá Dilê, Nkassuté Lembá, Nkisi da criação.

Lembá Dilê

Foi o primeiro Nkisi criado por Nzambi Mpungu, o mais Nkakulu (velho) conectado à criação do Mundo. Sua cor é o branco todas as histórias que relatam a criação do Mundo passam necessariamente por Lembá Dilê que foi o primeiro Nkisi concebido por Nzambi Mpungu e encarregado de criar não só o Universo como todos os seres, todas as coisas que existiriam no Mundo.


A maior interdição de Lembá é de fato o azeite de dendê que jamais deve macular as suas roupas os seus objetos sagrados e muito menos o seu Mulele Ndele (Alá branco). O Mulele Ndele representa a própria criação está intimamente relacionado com a concepção de cada ser é a síntese do poder e criador masculino.


A sua função primeira já remete ao seu significado profundo ação de cobrir não evoca somente proteção e zelo denota atividade masculina. Nas festas (kizombas) de cerimônia no Nzo Lembá é homenageado por último porque ele é o grande símbolo da síntese de todas as origens. Ele representa a totalidade o único Nkisi que reside em todos os seres humanos.


Todos são seus filhos e todos nós somos irmãos já que a humanidade vive sob o mesmo teto o grande Mulele Ndele que nos cobre e protege. Nkassuté Lembá o senhor do Mulele Ndele (Alá branco), ele é o senhor ligado a criação com seu irmão Lembá Dilê, embora também se manifeste como um guerreiro audaz Nkassuté Lembá traz em seu caminho a representação de muitos tempos passados e eternos.


Características dos Nkisi: Lembá Dilê e Nkassuté Lembá.

Lembá Dilê - Velho e sábio foi o primeiro Nkisi criado por Nzambi Mpungu, conectado à criação do Mundo sua cor é o branco ligado a Mikaia. Um núcleo de sacerdotes ligados ao culto do Nkisi os dignitários portadores de títulos que fazem parte do corte desse rei tão respeitado por ser o mais velho.


Nkassuté Lembá
- Um guerreiro ganhou o título de guerreiro de batalhas uma de suas características e o gosto pelo inhame pilado que lhe valeu o apelido de guerreiro.


Saudação: Pembelê Lembá (Eu te saúdo Lembá).
Dia da Semana: Sexta feira.
Cores: Branco leitoso.
Simbolo: Opáxoró.
Elementos: Atmosfera e Céu.
Domínios: Poder procriador masculino, criação, vida e morte.

Kota Rifula, Acaça, Acarajé, e como preparar os alimentos do Nkisi.

Kota Rifula

Cozinhar e os truques entre a inversão e a recreação onde o tempo não para a comida e o comer ocupam um lugar fundamental na vida do Nzo (terreiros) do candomblé Angola. Isso aparece explicando de várias formas, através de uma visão muito ampla onde ela é conhecida como a força vital energia e o princípio criativo e doador, na comida se encontra a energia máxima de uma oferta.

Mas acima de tudo ela é a força que fortifica os ancestrais é um meio de veículo através do qual grupos humanos e civilizações se sustentaram durante milênios fazendo contato com o sagrado. No Nzo a chamada comida do Nkisi obedece a prescrições complexas construídas ao longo do tempo e redefinidas a cada momento de acordo com a função que deve desempenhar ou à realidade que deseje instaurar ou dialogar.

Tudo isso é expresso nas múltiplas maneiras e diferentes modos de preparar fazer ou de tratar os ingredientes. Nesse processo de diferenciação em que os ingredientes na sua grande maioria são os mesmos, muda a forma de ritualizar a elaboração o cuidado e tratamento. A maneira de lidar com o mesmo ingrediente, sentido impresso e invocado através das palavras de encantamento cantigas e rezas.

Falar sobre esta comida em relações dentro de um espaço em um momento que consiste em uns dos nossos principais desafios. Enfrentar o que tentamos fazer sob o título: a cozinha, o Nkisi e os truques entre a invenção e recriação onde o tempo não pode parar. O segredo desta culinária é comandado por uma guardiã da cozinha Kota Rifula (responsável em preparar comidas sagradas).

Aquela que muito faz e pouco fala, quando fala da sacerdotisa da comida as formas mais antigas de transmissão do conhecimento trazida pelas diversas etnias africanas vão ser evocadas a observação e a convivência. O mestre dos mestres será mais uma vez chamado o tempo, conhecimento ritual, respeito a criatividade e o comando apresentam como o perfil da Kota Rifula.
Orientam à sua escolha mesmo que hoje em novos tempos poucas são as mulheres que se disponham ao cargo, não pelo gosto mas pelas funções assumidas por ela na sociedade.

A imagem da Kota Rifula apresentada por sacerdotes remonta aos primórdios quando Nzambi Mpungu entregou o poder de criar e de tudo transformar às grandes Mães. A velha que cozinha divide assim com o poder ancestral feminino esta força assim como todas as mulheres, recair sobre ela o tabu da impureza que reflete as relações de poder as tensões entre o homem e a mulher expressas em alguns mitos da sociedade do candomblé Angola.
Acaça

Uma comida ritual do candomblé e da cozinha da Bahia, feito com milho branco ou vermelho, precisa ficar de molho em água de um dia para o outro e depois passado em um moinho para formar a massa que será cozida em uma panela com aguá sem parar de mexer até ficar no ponto.

Deve adivinhar quando a massa não dissolver pingada em um copo com aguá, ainda quente pequena porções da massa devem ser embrulhadas em folha de bananeira já limpa na aguá e passada no fogo, cortada em pedaços de igual tamanho para ficar tudo harmonioso.

Colocar a folha na palma da mão esquerda e colocar a massa, com o polegar dobrar a primeira ponta da folha sobre a massa, dobrar a outra ponta cruzando por cima e virando para baixo fazendo o mesmo do outro lado. O formato que resulta é o de uma pirâmide retangular.

O preparo do acaça com a farinha de milho branca oferece para todos Nkisi, a farinha de milho amarela oferece para Exús e as Pomba Giras.
Acarajé

Comida ritual para Nkisi Matamba, na África é chamado de akará que significa bola de fogo, no Brasil foram reunidas as duas palavras numa só acarajé ou seja comer bola de fogo.

O acarajé o principal atrativo no tabuleiro é um bolinho característico do Candomblé. Mesmo ser vendido num contexto profano o acarajé ainda é considerado pelas baianas uma comida sagrada. Por isso a sua receita embora não seja secreta não pode ser modificada e deve ser preparada no Nzo apenas pela Kota Rifula, feito para oferecer a Nkisi Matamba.

O acarajé é feito com feijão fradinho que deve ser quebrado em um moinho em pedaços grandes e colocado de molho na aguá para soltar a casca. Após retirar toda a casca passar novamente no moinho, desta vez deverá ficar uma massa bem fina. Essa massa acrescenta cebola ralada e um pouco de sal, o segredo em preparar o acarajé ficar macio o tempo que se bate a massa.

Quando a massa está no ponto fica com a aparência de espuma, para fritar use uma panela funda com bastante azeite de dendê ou azeite doce. Normalmente usa duas colheres para fritar, uma colher para pegar a massa e uma colher de pau para moldar os bolinhos. O azeite deve estar bem quente antes de colocar o primeiro acarajé para fritar. 
O primeiro acarajé sempre é oferecido a Pambu Njila pela primazia que tem no candomblé.

Nzumbarandá, a mais velha e mais temida.

Nzumbarandá
 
Nzumba a mais velha dos Nkisi e da iniciação da natureza na Terra, tem relação com a lama roxa que aparece nos barrancos em dias de chuva. Lendas contam que Nzumbarandá era a rainha de um povo e que tinha poder sobre os mortos. Queria ter o poder de Lembá Dilê mas ele não ligava para ela, Nzumbarandá então fez um feitiço para ter um filho mas tudo aconteceu de errado com ela por causa do feitiço o seu filho Kaviungo nasceu todo deformado. 

Horrorizada Nzumbarandá jogou seu filho no mar para que morresse, com castigo pela crueldade Nzumbarandá engravidou de novo, Nzambi Mpungu (Deus Supremo) disse que o filho seria lindo mas se afastaria dela para correr o Mundo, assim nasceu Hongolo que durante a sua existência viveria na Terra como uma cobra que se arrastaria no chão pelos quatros cantos do Mundo.

Nzumbarandá proprietária de um cajado, Nkisi de água parada que mata uma cabra sem usar faca, é considerada um Nkisi mais antiga do Mundo. Quando Nzambi Mpungu chegou aqui para frutificar o Ixí (Terra) ela já existia, Nzumbarandá desconhece o ferro se trata de uma Nkisi da pré história, anterior a idade do ferro. 

O termo Nzumbarandá um Nkisi de cultos e tradições com rituais no candomblé Angola. Nzumbarandá é a força da Natureza que o homem mais teme ninguém quer morrer! Ela é a senhora da passagem desta vida para outra comandando o portal mágico a passagem das dimensões.
Nas histórias Nzumbarandá era esposa de Nkosi e ocupava o cargo de juíza só julgava os homens, sendo muito respeitada pelas mulheres eram consideradas como deusas.

Ela morava em uma bela casa com jardim, quando alguém apresentava alguma reclamação sobre seu marido ela amarrava a pessoa numa árvore e pedia aos nvumbis para assustá-los. Uma outra lenda registra em uma reunião os Nkisi aclamaram Nkosi como o mais importante deles do que Nzumbarandá, não se conformando em ser derrotada por ele assumiu que não mais usaria os utensílios de metal criados pelo Nkisi guerreiro (escudos e lanças de guerra, facas e setas para caça e pesca). 

Por isso que ela não aceita oferendas em que apresentem objetos de metal ou ferro. Nzumbarandá se tornou uma Nkisi mais temidas tanto que em algumas tribos quando o seu nome era pronunciado todos se jogavam ao chão. Senhora das doenças cancerígenas está sempre ao lado do seu filho Kaviungo ela é protetora dos idosos, desabrigados, doentes e deficientes visuais.

Dia da Semana: Sábado.
Cores: Branco com traços azuis, roxo.
Símbolo: Bastão de hastes de palmeira.
Elemento: Terra, água, lodo.
Domínios: Vida e morte, saúde e maternidade.

Katendê o senhor e dono das Nsabas (folhas).

 
Katendê o senhor das Nsabas folhas sagradas 
 
Senhor das alquimias divina, senhor da vida das florestas às vezes também entendido como uma senhora mas em geral um Nkisi masculino. Fundamental sua importância e detém o reino o poder das plantas e folhas. Imprescindíveis nos rituais, obrigações e assentamento de todos os Jinkisi e Minkisi através dos banhos feitos de ervas.

Suas folhas estão relacionadas com a cura, Katendê também está vinculado à medicina por guardar na sua floresta a magia da cura para todas as doenças dos homens, contida nas virtudes de todas as folhas. A cura é invocada no caso de doença com o auxílio de KongoLuande divindade do ar livre que governa toda a floresta juntamente com Mutakalambô.

Katendê e Mutakalambô possuem inúmeras afinidades ambos são deuses do mesmo espaço da floresta, do mato, das folhas são grandes feiticeiros e conhecedores dos segredos da mata e da Terra. Dono do mistério das folhas e seu emprego medicinal e sua utilização mágica, dono do axé (força, poder, fundamento, vitalidade e segurança). Katendê teria um auxiliar que se responsabilizaria por causar o terror em pessoas que entram na floresta sem a devida permissão. 

Dizem as histórias que Aroni seria um misterioso anãozinho perneta que fuma cachimbo e possui um olho pequeno e o outro grande e tem uma orelha pequena e a outra grande. Muitas vezes Aroni é confundido com o próprio Katendê que segundo dizem possui uma única perna. Não pode confundir Katendê com Aroni, ele é apenas um protetor das florestas (um guardião). 

Katendê um Nkisi de grande fundamento que possui uma só perna porque a árvore ela é a base de todas as folhas e possui um só tronco. As áreas consagradas a Katendê no candomblé Angola não são jardins cultivados de maneira tradicional, mas sim os pequenos recantos onde só os sacerdotes como Tata Nsaba (Consagrado a todas as funções ligada as folhas), pode entrar nas quais as plantas crescem da maneira mais selvagem possível.

Graças a esse domínio Katendê é figura de extrema significação, praticamente todos os rituais importantes utilizam de uma maneira ou de outra o sangue escuro que vem dos vegetais seja em forma de folhas ou infusões para uso externo ou de bebida ritualística. Quando o Tata ou Mametu, penetram no reino de Katendê para fazerem as colheitas das ervas sagradas para os banhos e defumações, devem antes pedir a Katendê permissão para tal tarefa. 

Se não fizerem com certeza todas as folhas que retirarem de seu reino não terão o axé e magias que teriam sem pedir a sua permissão. Até dependendo do caso como alguns entram em seu reino zombando e sem firmeza na cabeça, suas ervas poderão agir ao contrario causando muitos distúrbios daqueles que zombarem de seu reino e faltarem com o devido respeito ao seu domínio.

Junto á planta cortada deixar sempre uma pequena oferenda de algumas moedinhas e um pedaço de fumo de corda com mel, assim assegurando que a vibração básica da folha permaneça mesmo depois ter sido afastada da planta e portanto do solo que a vitalizava. As folhas e ervas de Katendê depois de colhidas são esfregadas, espremidas e trituradas somente com as mãos e não com pilão ou outro instrumento. Esse era seu jeito de trazer energia pura das folhas, Katendê deixa seu axé em tudo que se usa de suas fontes de energias que são as folhas sagradas.

Dia da Semana: Quinta-feira.
Cores: Verde e branco.
Símbolos: Haste ladeada por sete lanças com um pássaro no topo.
Elementos: Floresta e plantas selvagens.
 
Domínios: Medicina e liturgia através das folhas.

Fios de conta, cores do Nkisi culto no candomblé Angola.

 
Fio de conta

São colares normalmente feitos de miçangas coloridas de acordo com cada Nkisi, cada fio de conta tem um significado através do fio de conta é que se pode saber o grau de iniciação de uma pessoa no candomblé em que Nação pertence. Nunca é feito com fio de nylon, é sempre feito com cordonê (cordonê é um fio feito de puro algodão), serve para absorver o Axé do Maionga ou da Menga (Menga sangue oferecido no sacrifício de animais), (Maionga feito de folhas sagradas que é submetido e outros fundamentos, banho de purificação).

Pode ser chamado de fio de conta desde um fio único de miçanga até um colar com vários fios presos por uma ou várias firmas e búzios. A quantidade de fios pode variar de uma Nação para outra na correspondência de cargos e pode ser feito de gomos intercalados com firmas. Na mitologia do candomblé Angola os colares de conta aparecem como objetos de identificação dos fiéis aos Minkisi e Jinkisi (deuses e deusas) e o seu recebimento como um momento importante nessa vinculação.

De acordo com o mito a montagem a purificação e a entrega dos fios de conta constituem momentos fundamentais no ritual de iniciação dos Monas Nkisi, os quais em diante além de unidos estão protegidos pelo Nkisi, feitos com contas de diferentes materiais e cores, esses fios apresentam uma grande diversidade e podem ser agrupados por tipologias de acordo com o uso e significados
 que têm no culto.

Assim acompanham e marcam a vida espiritual do fiel desde os primeiros instantes da sua iniciação até à suas cerimônias fúnebres. Como nos momentos da montagem e do recebimento, também a ruptura é significativo entretanto o rompimento do fio de conta, pode indicar que há um mau presságio que assusta e preocupa o indivíduo e a comunidade, pode ser o início de um novo ciclo um recomeço um momento de viragem que pede um novo fio.

Dos primeiros fios simples ascéticos e rigorosos às contas mais livres exuberantes, complexas e personalizadas que a pessoa vai produzindo ou ganhando ao longo do tempo, delineia com o caminho de cada um na sua vinculação ao Nkisi e à comunidade do Nzo (terreiro).

Desta maneira mais do que a libertação do gosto particular as transformações nos colares revelam o conhecimento adquirido pela pessoa e sua hierarquia religiosa. De tal modo que um leigo pode passar despercebido por um fio de conta ou ver apenas como um adorno, enquanto um iniciado na cultura do candomblé Angola o tomará como um objeto pleno de significados que pode ser lido e no qual é possível identificar a raiz.

O Nkisi do Mutuê (Pai ou Mãe da cabeça) e o tempo de iniciação entre outros dados da vida espiritual de quem o usa.
Dos rituais secretos e espaços fechados no culto ao Nkisi, os fios de conta ganharam o Mundo e adquiriram novos usos, da África vieram para o Brasil e para todo o Mundo á onde o candomblé Angola se tem difundido.

Pode ser chamado fio de conta desde um fio único de miçanga até a um colar com vários fios presos por uma ou várias firmas e búzios. A quantidade de fios e cores podem variar de uma nação para outra na correspondência de cargos. Na hierarquia do candomblé Angola toda pessoa que entra para a religião iniciante, será uma Muzenza e assim permanecerá até que se inicie a feitura o batismo para se tornar um Mona Nkisi.

O Muzenza só é permitido o uso de três fios de conta simples de um fio só com uma firma e búzios fechado no cordonê, outro na cor branco leitoso que corresponde a Lembá Dilê, outro na cor do Nkisi da pessoa, quando identificado e confirmado por um Tata ou Mametu, e uma outra na cor do Nkisi do seu Tata ou Mametu da casa, desta forma pode saber que a pessoa é uma Muzenza e qual rege o seu Nkisi.

As cores correspondentes dos fios de conta de cada Nkisi, cores pertences no candomblé Angola.

Pambu Njila - preto com vermelho.
Nkosi Mavambo - vermelho e azul opaco.
Nkosi - azul forte, opaco.
Mutakalambô - verde espelhado.
Gongobila - verde espelhado com dourado espelhado.
Kaviungo - branco e preto.
KongoLuande - vermelho, preto e branca.
Hongolo - amarela raiada de preto.
Angoroméia - verde raiada de amarelo.
Katendê - verde com branco.
Tempo - verde com branco e vermelho.
Dandalunda - dourada, amarelo ouro espelhado.
Mikaia - transparente.
Matamba - vermelho espelhado.
Wunji - todas as cores, menos o preto.
Nzumbarandá - azul e branco, podem levar lilás ou roxo.
Nzazi - vermelho com branco.
Lembá Dilê - branco leitoso.
Nkassuté Lembá - branco leitoso.
Lembá - branco leitoso

Essas cores correspondem aos Jinkisi e Minkisi são culto do candomblé Angola. O nosso culto tem as próprias cores destinadas ao Nkisi, respeitando as ordens das cores correspondentes a cada um.

Vídeo com mais explicação sobre Fios de conta, cores do Nkisi edição especial.

Orixá Obá suas histórias e lendas.

Orixá Obá a senhora da sociedade elekoo

No Brasil está sociedade é muito restrita, uma sociedade que passou a cultuar egungun, deste modo Obá é a senhora da sociedade lesse Orixá. Ela é uma das três esposa de Xangô, Oxum aconselhou a ela que retirasse uma das orelhas para dar a Xangô. Obá cortou a orelha esquerda e temperou um amalá para o seu esposo, Oxum a havia convencido de que fazendo isso certamente ela iria conseguir o seu objetivo. O resultado foi o contrário, Xangô detestou encontrar a orelha da esposa na sua comida e também a sua mutilação. Obá passou então a esconder a mutilação com a mão esquerda com o seu escudo, também com um turbante.
 
Quando viu que Oxum tinha culpa por ela ter feito isso a amor a Xangô evocou e as duas brigaram, Xangô em sua ira as expulsou de casa transformando em dois rios. Tudo relacionado a Obá tem um clima de mistérios e poucos são os que entendem seus atos aqui no Brasil, Obá e Ewá são semelhante elas são primas e ambas possuem oro omi osun. Ela usa ofá o arco e flecha assim como Ewá e ambas são identificadas também com Oxóssi.
 
Obá usa a festa da fogueira de Xangô para poder levar suas brasas para seu reino, desta forma é considerada uma das esposas de Xangô mais fiéis a ele. Obá é um Orixá ligado a água guerreira e pouco feminina, suas roupas são vermelhas e brancas, leva um escudo, uma espada, uma coroa de cobre usa um pano na cabeça para esconder a orelha cortada. Conta e lenda que Obá repudiada por Xangô vivia sempre rondando o palácio para voltar.

Xangô ficou horrorizado com a mutilação e expulsa para sempre do seu reino. O tipo psicológico dos filhos de Obá, constitui o estereotipo da mulher de forte temperamento terrivelmente possessiva e carente. Ao contrário de Oyá mulher de um homem só fiél e sofrida são combativas, impetuosas e vingativas. Obá que raramente se manifesta, há pouco estudo sobre ela.
 
Talvez porque nos dias de hoje mesmo na África ou no Brasil não há espaço para essas características do feminino que cada vez mais recupera seu poder de Oyá. Obá é a mulher consciente de seu poder que luta e reivindicar seus direitos que enfrenta qualquer homem, menos aquele que tomar seu coração. Ela abraça qualquer causa mas se rende a uma paixão, Obá é a mulher que se anula quando ama.

Obá é filha de Yemanjá em toda a África Obá era cultuada como a grande deusa protetora do poder feminino, por isso também é saudada como Iyá Agbá e mantém estreitas relações com as Iya Mi. Era uma mulher forte que comandava as demais e desafiava o poder masculino. Obá lutou contra todos os Orixás, venceu a batalha contra Oxalá, derrotou Xangô e Orunmilá e se tornou temida por todos os deuses.

Orixá Obá cultuada na mitologia do candomblé Ketu Yorubá. Esse Orixá não tem cultos e histórias no candomblé Angola.

Qualidades de Orixá Obá.
 
Obá Gideo - Essa é a mais velha guerreira ciumenta tem um relacionamento sério quando gosta de alguém, cores vermelho, branco e marrom semelhando as cores de Xangô.

Obá Rewá - Orixá jovem teve um encanto por Oxóssi e pelo mais jovem Logun Edé, vive entre os lagos e as florestas, veste vermelho com verde.

Dia da Semana: Quarta-feira.
Cores: Marrom raiado, Vermelho e Amarelo.
Símbolos: Ofange espada e escudo de cobre ofá.
Elementos: Fogo e águas com revoltas.
Domínios: Amor e sucesso profissional.
Saudação: Obà Siré!